quarta-feira, 29 de dezembro de 2021


 BAGHÁ O OBSCURO * (ou Ápeiron)

Amanheci interiorano

Vou para beira do mar

Escrever no promontório

Ficar longe dos Dórios

Que sabem pouco o amar.

 

Além dos desenganos

Sinto o ar do oceano

Longe da afasia

Solitário

Manhã, cedo

Parado numa ataraxia

Sem a lira

Sem enredo

Mas poeta

Mais Aedo.

 

Esqueço os simples mortais

Suas banais cerimônias

Viajo pelo éter astral

No arque das cosmogonias

E os pífios de tão cegos

De quase vazios cérebros

Escolheram seus destinos

Vão para as sombras de Érebos.

 

Não quero suserania

Só etéreo em meu ego

Viajar nas poesias

Como Homero o cego

Indiferente aos povos

Quero ter a plenitude

Na harmonia do logos.

 

Não cultuo rapsódias

Como o senhor do certo

Acho que são paródias

De um poeta eclético

Pois a moral de tudo

É que vivo neste mundo

Uma odisseia louca

Um Ulisses vagabundo.

 Uma analogia a Heráclito de Éfeso – Jaime Bagh

domingo, 26 de dezembro de 2021


O FUTURO

O futuro não existe, pois ele nunca chegará, e quem morreu não o alcançou, e quem morrer não o alcançara. O próprio presente não existe é extremamente breve segundo o filósofo. Talvez eu saiba um pouco da fórmula de uma possível maneira de observar o futuro e chegar perto do que chamamos futuro, isto não é com a ciência mecânica e sim através da ciência do corpo e mente, precisamos nos conhecer. A hora é agora, enquanto vida depois lembranças, mais além nem as lembranças existirão, nem as passagens lembradas, porém os homens não sabem disso e pensam que são eternos. No fim querem dar o amor que foi negado, para ter o amor que não souberam conquistar, porém já é tarde, terão somente a compaixão por ser velho e terminal. Restará ainda por algum tempo ruínas de algum império construído e talvez mais um pouco a poesia de algum poeta esquecido. Jaime Baghá

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

São bilhões de dólares injetados nas últimas décadas em esforços frenéticos para transformar os serviços de saúde em mercadoria. Por quê? Por que fomos ensinados a ser egoístas.

O egoísmo faz parte da natureza humana, que o capitalismo se baseia em nossos instintos mais arraigados, nossa ganância nos faz ignorar nosso semelhante e lucramos com vida e morte. 

 

terça-feira, 7 de dezembro de 2021


 OLHAR SOBRE A CIDADE

Noite

Olho a cidade

Aquários simétricos

Herméticos

Invioláveis

Onde se escondem as multidões da cidade.

 

Multidões que se cruzam

Conhecem e não se olham

Olham mas disfarçam

Sorrisos imploram

Alguns gentis

Outros reaça.

 

Não se tocam

Gestos se esboçam

De querer bem

Não se completam

Alguns com desdém

Palavras inúteis

Escondendo gritos.

 

Quantas pessoas

Na solidão absoluta

Na algazarra dos comuns

Porque nenhum

Porque tão longe

Porque incomum.

 

Escorre dos aquários da cidade

Cai à noite

No meu aquário                   

Eu penso

Na cidade.

 

Sou mais um peixe fora d’água.Jaime Baghá

sexta-feira, 26 de novembro de 2021


 Quadro: "O Grito", Edvard Munch

CÃNONE DO SILÊNCIO

Névoa, hiemal

Aqueci a sala fria

Olhos no teto

Prostrado numa ataraxia

 

Vinho na mão

Laudanizado

Meu suspiro de vulcão

Olhos parados

Na TV fora do ar

 

Relógio na parede

Tic-Tac compassado

Parabólica desligada

Cigarros pra pensar


Absintos

Láudanos

Euforia dos fatos

Uma noite vadia

Talvez encontre Tanatos

 

Entremeio as euforias

Talvez vire poesia

Ou então...

Nunca acordar.

 

Uma recaídaJaime Baghá

 

 


quarta-feira, 3 de novembro de 2021

MORDAÇA

Aquela mulher simples do interior

Na obrigação “do decente”

Já é escravizada na semente

E morre a procura do amor

 

Da crendice a vida servil

Nos dias de tristes rotinas

Amordaçada para não ser libertina

Pelo asqueroso amante senil

 

Vive assim com seu segredo

Da censura a amargura

Um anjo vivendo em degredo

 

E os desejos da mulher menina

Ganhou o lar uma tumba escura

E os sonhos uma amarga sina.

 

Para aquelas mulheres que vivem e morrem pobres e que trabalham sem descanso e a noite é objeto para alivio da libido e arrotos. Acabam seus dias senis com depressão e angústias aplacados e ativados por barbitúricos tarjas pretas Jaime Baghá

 

 

segunda-feira, 25 de outubro de 2021


A ILUSÃO

Mesmo que os colegas na escola sejam um bando de feiosos, você não se compara a eles, e sim a artistas de cinema, atletas e supermodelos que vê todos os dias na televisão, nas redes sociais e em cartazes gigantescos. Talvez por isso o descontentamento do Terceiro Mundo seja fomentado não apenas por pobreza, doenças, corrupção e opressão politica, mas também pela exposição aos padrões do Primeiro mundo do qual somos uma cópia de péssima qualidade, mas temos algo grandioso que é sermos nós mesmos e conhecidos como um povo alegre, feliz e viver num pais rico que os traidores e gananciosos vendem ao império que nos ilude. 

sábado, 23 de outubro de 2021


 DISSIMULADO

Não gosto daquela gentileza

Aquele sorriso esperteza

Não gosto daquele elogio

Com tapas nas costas

E o abraço tão frio

Não gosto da aproximação fantasia

Amigo metáfora

Alegoria

Não gosto de quem me faz tão alto

E toda aquela alegria

Convencional de um falso.

 

Observando as personalidades. Jaime Baghá  

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

NADA

No imperativo do distúrbio

Todos os encantos me parecem nada

A lua por trás do farol

Os sorrisos das meninas que passam para a escola

O clássico na antiga vitrola

O perfume de flores no ar

O canto da cigarra

No silêncio do interior

Tudo me parece nada

Quando se vai ao nada

Quando já se é quase nada

E o tudo querendo ser nada

Apenas um fio tênue de nada

Separa-me do nada infinito.

 O que eu sou algumas vezes. – Jaime Baghá

 

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

DE PRAXE   

Que enfado

Na mesa do escritório

Papéis, papéis

Vida no purgatório

 

Paredes frias

Tarefas incompletas

Mesas repletas

Excessiva heteronomia

 

Olhos tristes

Notas, plugs, impressoras

Máquinas opressoras

Telefones e clips

 

O imperativo

Da obrigação

Da triste rotina

Do meu ganha pão

 

Um pão

Que o diabo amassou...

 Um técnico cansado - Jaime Baghá

 

 

quinta-feira, 23 de setembro de 2021


Em nossos  dias, as palavras “imperialista” só fica atrás de “fascista”, no vocabulário dos xingamentos ´políticos. A crítica contemporânea dos impérios em geral toma duas formas:

1º Os impérios não funcionam. No longo prazo, não é possível governar de maneira eficiente um grande número de povos conquistados.

2º Mesmo se isso for possível, não deveria acontecer, porque os impérios são instrumentos malignos de destruição e exploração. Todos os povos tem direitos a autodeterminação e nunca deveriam ser submetidos ao domínio do outro.  Harari

terça-feira, 7 de setembro de 2021


 A MINHA RUA

 A minha rua é uma estrada

Em meio a um vale de farturas

Cercada por morros

Muito verde de matas e agricultura.

 

A minha rua é uma estrada

Com a magia do interior

Com gente simples morando a beira

Com uma igrejinha

Um vilarejo de amor.

 

A minha rua que é uma estrada

De nome saudade

Para o simples agricultor

Que um dia migrou para a cidade.

 

A minha rua

É uma estrada

Com muitas vidas

Com a minha vida.

 

A minha rua no pequeno vilarejo da Peroba – Jaime Baghá

terça-feira, 31 de agosto de 2021


 OS CHARLATÕES

Vivemos tempos difíceis, além da pandemia mal cuidada com corrupções e falcatruas temos no cenário os demagogos cheios de ódio, espertalhões confiantes iludindo uma plateia ansiosa misturando religião e fakes com propagandas enganadoras iludindo com técnicas de comunicação de massa. No discurso dos charlatões, abundam teorias conspiratórias e relações espúrias entre causa e efeito, prometendo soluções fáceis, e enganadoras para as almas ansiosas. As mais rasas tolices são capazes de arregimentar a massa ávida por partilhar o sonho de um futuro melhor que na estatística só piora. O antídoto para o charlatanismo é a educação, o conhecimento, céticos são menos sujeitos as maquinações dos charlatões, crentes por outro lado sempre colocarão sua fé em improváveis soluções. O povo tem que ver melhor e entender que os charlatões como indivíduos de desempenho medíocre, são capazes de construir uma imagem de competência e realização, mas nossos charlatões são tão ordinários que o que vimos é uma verdadeira catástrofe. Temos neste pais um pessoal que pensa e os arrependidos que apostaram  no Diabo pensando que é Deus, então acordem os que ainda vivem perturbados na ilusão dos canalhas, lutem por uma nação decente e desenvolvida e escorracem de uma vez este poder canalha fabricante de miséria, ódio e violência. Despertem, não aos charlatões.  Jaime Baghá

segunda-feira, 16 de agosto de 2021


 WALKYRJA

Nas loucuras

Escritos e clássicos

Em sons

Pensamentos sem fins

Eu via

Montadas em cavalos alados

As mensageiras de Odin.

Valquírias de Wagner

Deidades flamejantes

Passavam em minha frente

Saindo da mitologia

Além da música

Para voar

Nas minhas poesias.

 A ópera imponente e a outra realidade da mente. Jaime Bagha

quinta-feira, 12 de agosto de 2021


 PLAGIANDO NERUDA

 Assim como num verso de Neruda

Lembro-me da época em que a poesia chegou até mim

Não que ela não existisse

Há muito tempo ela já habitava o meu ser.

Porém nesta época ela invadiu o meu pensamento

Não sei de onde veio

Do inverno ou do verão

Do menino sonhador

Das doces aventuras da juventude

Não sei como ou quando

Não eram vozes

Nem palavras

Nem silêncio

Mas da rua

Fui chamado abruptamente

Pelos braços da noite

Entre baladas e sons estridentes

Nos embalos das motos

Dos bares e festas

Nos amores ardentes

Numa viagem

Numa loucura

Numa estrada

Ou num retorno solitário

Lá estava eu

Sem rosto

E ela me encontrou.

 

Tem vezes que a poesia se mostra de maneira tão delirante que perco o sossego e me encanto. Jaime Baghá  -  Verão de 1990

terça-feira, 3 de agosto de 2021

VIDA

Vida

Prazer não explicado

Verdade

Ilusão e magia

Sentir

Imaginar

Crer e não crer

Tudo e nada

Ser de mistério

A matéria animada.

Vida

Movimento, energia

Metafísica

Analogia.

Vivo o viver

De o doce existir

Qual a chegada

Só sei o partir

Mesmo que não descubra

Ó vida

Mais raro elixir.

 

De vez em quando, como todos, pensando na vida. Jaime Baghá

 

sábado, 31 de julho de 2021


A LIBITINA

Quanto penso na morte, não temo o fim dos aspectos materiais, tampouco medo, mas sim o fim da magia, das músicas e clássicos que ouvi dos livros, dos pensamentos máximos dos grandes pensadores e poetas. Da fauna, da flora, dos pássaros e animais. Do mergulho no oceano e seus mistérios, da caminhada no inverno à beira do mar deserto e aquele papo interessante com os amigos, há quando penso na morte. Pouco ligo para a vida, mas o triste é não mais ver aquilo que faz a vida, a arte e a contemplação da natureza.

Jaime Baghá - Temam menos a morte e mais a vida insuficiente. B.Brecht

quarta-feira, 28 de julho de 2021


 LUZES NEGRAS

Há muito tempo

As luzes negras não me iluminam

Adeus luzes negras

Das noites de festas

Adeus ilusão

Doce fantasia

Parto para as brancas luzes do sol

E o breu da noite

Para meditar a realidade

A magia

Observando cintilantes estrelas no céu

Do mar do interior

Adeus luzes negras.

Quando sai das metrópoles e das noites de festas. – Jaime Baghá

terça-feira, 20 de julho de 2021


 CONTATO

Se houver outras civilizações

No espaço infinito

Não fiques triste

Teu Deus não morreu

Se o outro ser nada venera

Por favor, não o doutrine

Não lhe fale de nossas guerras

Não o transforme num sectário de ninharias

Conte teus pecados

E em nome de Deus não o faças matar

Fale do teu imbecil

De razões por trair e venerar

Mas o melhor seria

De o teu mundo nada contar.

Jaime Baghá – Achando que ainda tem algo a ser descoberto.   

 

quarta-feira, 14 de julho de 2021

Eu Baghá, as vezes saio à esmo pelas ruas do Morro das Mortes no desvario de achar um boteco para o meu iluminismo fluorescente encontrar um papo cabeça para eu poder destilar meu macunaismo indecente. Estou no sedentarismo metafísico e de tanto ouvir reza e cultos no altofalante da província, quase um existencialista arrependido, um velho na contramão da cultura arcaica, olhando de longe a Velha da Foice, quase puxando a cordinha da descarga para o nada, expiar meu pecado original, do meu miasma niilista. Mas aí chega outros caminhantes, Kerouacs modernos, amigos de estradas, para aplacar minhas angústias. Eu e meus amigos Maneca e Khan na década de 80, como sempre pegando uma estrada. Jaime Baghá

sábado, 3 de julho de 2021


 NÃO VIVO SEM OS SONHOS.

 Era a época que líamos Carlos Castañeda, apreciávamos a cultura beat e a contracultura com Luis Carlos Maciel e ficávamos pirados lendo filósofos como Friedrich Nietzsche, escritores russos como Tolstoi e Dostoiévski, filosofia de Camus e Jean Paul Sartre. Tentávamos buscar algum sentido para toda essa maluquice que é nosso sistema, via peças de Jose Celso Matinez, Plinio Marcos e Augusto Boal, escutava Bob Dylan, Led Zeppelin Chico Buarque, os Novos Baianos e músicas francesas,  Era a época de ver o filme 'The Wall' do Pink Floyd e chegar em casa com a cara do tipo o que eu estou fazendo para mudar todo esse estado de coisas. Fazia fogueirinha de papel na beira do mar, cantávamos e corríamos muito loucos com as namoradas nas lindas praias de Santa, sonhávamos que o mundo seria como a época de Aquarius, andávamos de calças jeans e cabelos compridos e adorávamos os festivais da canção, os filmes de Polansky, Almodovar, Wood Allen, Godard. Cantávamos caminhando a noite pelas ruas de P.alegre, namoravamos  nas praças e adorávamos os barzinhos, só fugiamos da ditadura e eu tinha um pé com o movimento estudantil mas éra muto jovem e só quería viver. O legal de tudo isso é que estes amigos até hoje  ainda me são encantados e encontra-los é sempre uma grande alegria e um momento mágico, porque a juventude no fundo além de uma época da vida é sim um estado de espírito e pra mim eles ainda são os mesmos jovens. Talvez a melhor época da vida seja agora, ou a juventude legal que alguém também viveu em outras épócas, mas aqui falo da minha que o pessoal ainda curte as músicas e chama de época de ouro, sim, foi isso, para mim uma época de ouro, um passado mágico, hippie e de sonhos que passou em nossas vidas, mas que ainda não sai de nós, pelos momentos tão mágicos e felizes que vivemos, e eu vivi intensamente.  

 

Jaime Baghá, que ainda não vive sem os sonhos.

 

sexta-feira, 2 de julho de 2021


 Não escrevo para ganhar fama, minha imortalidade é para os filhos e os netos ler o que gosto de fazer. Seguramente escrevo para satisfazer alguma coisa que se acha dentro de mim, não para outras pessoas. O que faço e meu esforço são para livrar-me de alguns infernos interiores e minha observação do que fazem os homens no mundo. Claro que, quando os outros reconhecem minha satisfação aumenta, fico feliz, mas mesmo assim escrevo para mim seguindo um impulso que vem de dentro e que minha literatura as vezes voraz me ajuda. Todos deveriam escrever mesmo que seja para deixar sua marca nesta curta passagem por este mundo. Jaime Baghá

segunda-feira, 28 de junho de 2021


 PALAVRAS

 Que infernos são estes

Que habitam meu interior?

São as guerras das palavras

São as lutas do meu eu

Numa infindável batalha

De desvendá-las

Perdê-las

Juntá-las

Não deixar morrer

E revive-las em contos

Em versos

Para construir meu universo

 

Na loucura de minha mente

Inquieta

Procuro a resposta certa

Encontro linguagens erradas

E construo meu texto

Com nexo

Levado pelas palavras

 

Não quero o lírico

A rima

A métrica

Quero o verso livre

Achar a palavra

Que resuma meus anseios

 

Quero construir meus versos

Sonetos malucos

Fragmentos do meu eu

Saboreando-os

Num banquete sem fim

Nos devaneios dos meus pensamentos.

 

 

Jaime Baghá  -  Numa incansável  procura pelas palavras.

 

quinta-feira, 24 de junho de 2021


 QUASE

 Quase eu

Quase gente

Quase sempre

Quase ausente

Quase vida

Quase nada

Quase gesto

Quase não

Quase toque

Quase ilusão

Quase real

Quase asa

Quase vejo

Quase sinto

Quase sei

Quase pressinto

Quase final

Quase chegada.

 

Sendo quase tudo

Sou quase nada.

 

Jaime Baghá

terça-feira, 22 de junho de 2021


 CUIDADO COM OS GENOCIDAS

Em 1933 na Alemanha berço de filósofos e pensadores, os nazistas queimaram em praça pública livros de escritores e intelectuais como Marx, Kafka, Thomas Mann, Abert Einstein e Freud, o criador da psicanálise que fez o seguinte comentário a  seu amigo Ernest Jones: “Que progresso estamos fazendo, na idade média, teriam queimado a mim, hoje em dia, eles se contentaram em queimar meus livros”. Deixando de lado o fato de que a ironia de Freud logo se tornaria ingênua diante da barbárie dos fornos crematórios de judeus em Auschwitz e Dachau . Quando temos no poder um louco, com ódio e com seguidores ficamos sempre pensando qual é o próximo passo da barbárie, sacrificar seu povo tachados de loucos e maconheiros ou até queimá-los para apagar de vez a sua memória e dos seus livros. Este é o perigo do fascismo e como diz Brecht, “a cadela do fascismo esta sempre no cio”, e o perigo dos golpistas e fascistas estão sempre nos rodando. Despertem contra a insanidade e não deixem a sua nação cair na ignorância e no ódio, porque mortos já temos muitos e vivendo uma distopia. 

segunda-feira, 21 de junho de 2021

O RATO NA GAIOLA.

Você quer entender o processo, mas não lê, só clica e ouve o que os outros teus iguais dizem ou o que a televisão na tua sala, o grande Deus Sony te ensina e te doutrina você não pode discutir com a televisão e ela é real, é imediato, tem dimensão, esta no teu espaço. Ela diz o que você deve pensar e te bombardeia com isso, com as doutrinas do poder e ela parece ter muita razão. Ela o leva depressa as conclusões que sua cabeça não tem tempo para pensar e protestar, e também houve alguns imbecis te dizer que os livros aceitam tudo e você não sabe as qualidades literárias e aceitas tudo, então os livros não são reais, a televisão esta aí, falando para nós, ela é a verdade. Então os livros podem ser derrotados e você vai desperdiçar seu tempo, suas últimas horas correndo dentro de uma gaiola com rodas como um Hamster negando tudo, dando viva a ignorância a tua decadência e gritando mito para teu opressor, mas fazer o que? Se você é um rato que um dia pode ajudar a queimar os livros em praça pública, sob as bênçãos de um pastor maluco.      

Jaime Baghá observando a tragédia. 

 

quinta-feira, 17 de junho de 2021


 SONETO A SOLIDÃO

Quero ficar silencioso

Ouvindo músicas francesas

Nenhuma luz acesa

Contemplativo, misterioso

 

Quero a solidão de companhia

A dor que me fez ermitão

Em meio a multidão

Estou só, numa afasia

 

Quero ser o inviso

Para não privar-me da sorte

Para não perder o juízo

 

Quero a distância dos falsos

Procurando o meu norte

Alhures no meu cadafalso.

 

O meu eu, mais euJaime Baghá

segunda-feira, 7 de junho de 2021


 Casablanca, Rick Blainer (Humphrey Bogart) e Ilsa (Ingrid Bergman)

Com um salário miserável , uma ajuda pior do que uma esmola,ou não tendo nada para sobreviver, morando em péssimas condições e governados por um demente, Rick não tem nada a dizer para llsa. O amor também é um luxo, eis a condenação. Jaime Baghá

sábado, 5 de junho de 2021

 As voltas do mundo.

Vivi uma época de mudanças onde vi o executivo de cabelo escovinha que personificava o homem romano de antiga cepa, mas seu filho andava de cabelos compridos, gostava de gírias,  rock e coisas indianas, gostava de citara asiática, lia textos budistas ou libelos leninistas, conseguia conciliar Hermann Hesse, o zodíaco, a alquimia, o pensamento de Mao, adepto da maconha e sacava os ídolos das guerrilhas urbanas, alguns até trocam de casais e colocava em crise o modelo de família puritana. Eis o novo mundo que vivi e vejo novas mudanças. Estou vivendo a descentralização absoluta, crises nos poderes, o poder das corporações reduzido a uma ficção e um sistema de princípios cada vez mais abstratos. Hoje em grande atuação o capitalismo de estado voltado para grandes empresas, por isso gosto de Noam Chomsky  e todo bom ativista político. O avanço do poder tecnológico esvaziou as instituições e abandonou e centro da estrutura social, há um novo mundo ao qual eu não simpatizo porque acho que ele perdeu sua magia e valoriza os valores pecuniários, criando um mundo de mais distanciamento e miséria, e eu com minha idade avançada não quero ser um neonomadismo digital, já sou nômade nos meus pensamentos e escritos, fazendo força  para poder viver uma época interessante, como diziam os chineses.

Cuidado com as voltas que o mundo dá, hoje você lança as palavras, amanhã sente o efeito delas.  Jaime Baghá


domingo, 30 de maio de 2021


 FASCISMO

A posição do fascista não é suscetível de argumentação. Não há argumentação possível com o fascista, porque mesmo que ele não tenha argumentos, se você der vários argumentos a ele, ele não vai ouvir, porque a posição dele é irracional, ele é movido pelo ódio, e por um ódio que é visceral. Que evidentemente foi plantado na cabeça dele, ao longo de um tempo muito grande, que ele incorporou como sendo dele. Não há possibilidade de diálogo. E o que estamos vendo no Brasil, que era uma coisa que não existia aqui, é justamente o surgimento desse tipo de comportamento visceral, irracional, absolutamente imune a qualquer consideração de ordem argumentativa, e que parte direto para a violência. O cara não tem uma literatura de conhecimento, só colocaram na cabeça dele e que foi suscitado o que de pior existe na alma humana e é isso que esta sendo mobilizado. É essa mobilização que gera um movimento fascista. A mobilização politica desse pathos, dessa quase patologia, isso é o fascismo. Não ofenda quem vê desta forma que podemos dizer acadêmica, não o chame de comunista, vai pra Cuba, e outras tolices pensando que vai ofender uma pessoa de conhecimento. Será que toda esta tragédia no Brasil e este poder imbecil e trágico não fez você enxergar o óbvio?  Este neoliberalismo é um fascismo invertido e se você não é um inocente sem cultura e nem vive de conveniências, o fato é trágico e você precisa de ajuda.    Jaime Baghá

segunda-feira, 24 de maio de 2021


 OS SONHOS

A ganância e o poder politico esta presente nos mecanismos mais sutis de permuta social, não somente no Estado, nas classes, nos grupos, mas também nas modas, opiniões correntes, espetáculos, jogos, esportes, relações familiares e particulares e até nos impulsos liberadores que procuram contestá-los. Todo discurso de poder gera culpa, não só na sua história política e histórica. Há os novos pastores ligados ao poder, os cães dos pastores e as ovelhas, eles manipulam “espiritualmente” a sociedade, os homens, as armas e junto com o poder mantém a todos, uma parte iludida e dando vivas ao carrasco, hipnotizados pela mentira que entra nos seus aparelhos de informação. O poder é um parasita de um organismo transocial ligado a história dos homens que fazem um sistema de regras onde impera o ódio, a fome, a doença, a miséria e a pobreza. O poder chega ao fascismo como dispositivo modelizante e secundário,  com sua epifania ameaçadora criadores de sub-raças e seus modelos, seus argumentos demagógicos que vemos nos meios de comunicação do poder em nível jornalístico cotidiano. Por isso digo NÃO, sou da época de Aquarius, e mesmo mais velho vivo na contramão do establishment e sempre vou dizer NÃO a submissão dos cidadãos em determinados estados. Não há caminho para a paz e a paz é o caminho e a única opção para se viver em harmonia e se você quer paz, trabalhe contra a injustiça, a justiça não vem sozinha,  devemos fazer nossa parte para alcança-la, quem quer justiça defende a vida, a inteligência a serviço do amor e da compreensão. Guerras, violência, ódio e abusos não leva a lugar nenhum, só a dor. Como dizia John Lennon, sonhe com este mundo e faça acontecer. Como eu disse, sou desta época, por isso sempre digo NÃO a irracionalidade porque sem os sonhos não posso viver.   Jaime Baghá