terça-feira, 27 de setembro de 2022

 SONETO NUCLEADO

Sou a matéria inerte

Sou o rudimentar

Sou a mesma química

Sou a ordem primordial

 

Sou a multiplicação celular

Sou a menor bactéria

Sou a maior baleia do mar

Sou a forma etérea

 

Sou o indivíduo único

Sou tempo, época, era

Sou todas as vidas

 

Sou o código genético

Sou a ligação da matéria

Sou o universo.

 

Jaime Baghá se questionando.

domingo, 18 de setembro de 2022


 O QUE EU VI.

Eu vi parte  de minha geração muito louca e alguns destruídos pela loucura,  andando  pelas ruas até a  madrugada em busca de uma viagem ou uma dose de loucura.

Anjos celestiais com o dínamo estrelado da maquinaria da noite, rindos, com velhos jeans e olheiras fundas, viajavam fumando, um sentados na sobrenatural escuridão dos miseráveis apartamentos as vezes com uma adorável companhia olhando os telhados e estrelas na noite.

Anjos iluminados que não tinham muito para onde ir, com a rebeldia jovem e contra o establishment alucinados escutando Jimi Hendrix, Bob Dylan, Raul Seixas, lendo poesias Beat

Alguns se armaram outros detidos por excessos e com os bolsos cheios de marijuana.

Muito loucos com sonhos, com drogas, com pesadelos na vigília, álcool e transas intermináveis em noites de orgia.

    Alguns voltaram à tona e passaram a tarde de cerveja choca no de q boteco da esquina  falando sem parar para outro louco na mesma situação tagarelando, berrando, vomitando, sussurrando fatos e lembranças  e anedotas e viagens visuais e choques nas fugas dos home, intelectos inteiros regurgitados em recordação dos que sumiam das bandas para as internações.

E de outros que sumiram e foram para as beiras das praias de Santa, loucos que ficaram com os pés com marcas na sola de tanto caminhar na areia do mar.

 Sentados na porta do bar, acendiam cigarros falavam dos corações partidos que deixaram ou que os deixou depois do abandono da metrópole.     Alguns liam filosofia, escutavam Caetano,  Jim Morrison Janis Jopllin, Jimi Hendrix e lendo visionários e contra a guerra do Vietnam 

Alguns desapareceram, uns ficaram comportados junto a família, outros morreram de cirrose, alguns encontraram um grande amor e outros maravilhosos e que nunca mais ouvimos falar.

Jaime Baghá