segunda-feira, 5 de dezembro de 2011



ILUSÕES

Os Sonhos não mudam
Os sinos tocam
Badaladas de catedral
O som é falso
Irreal.

Os sinos estão parados
Os reais
A gravação chamou os fiéis
Você lê Baudelaire
Um infiel.

Os sinos falsos te despertam
Interrompem teus sonhos
Maculam a tua ressaca
Teu descanso domingueiro
O rebanho passa.

Famílias e solitários
Senhoras neuróticas
Homens ordinários
Papalvos e confrarias
Com roupas de domingo
Demônios e filhas de Maria.

Velhinhas que querem o céu
Senhores de ócio e negócio
Casais trocados ao léu
Bodegueiros e libidinosos
Homens de boa fé
Políticos e duvidosos.

Justificando os pecados
A falta de amor
Usuras, intrigas
Dissimulando a dor
A posse das raparigas
Como se estivessem no andor.

Obliquamente olham você
Com teus contos
Sempre de esguelha
A tua diferença
Sem ver a tua centelha
Tua vida repleta
Tua alma de poeta
Para alguns, vazia
Para outros, completa.

Os sinos tocam
Para o segundo ato
Gritos no púlpito
O pecado dos ratos
A maldita moral
O corpo repleto
A alma vazia.

O perdão
O purgatório
Como os sinos
Um engano ilusório.

Então!
Você olha distante
E não muda os sonhos.

Jaime – outono 2010. Na província onde no silêncio do interior o diabo brinca com os desejos, luxúrias, intrigas, políticas e usura.






http://www.movimentogotadagua.com.br/


"Eles vieram com uma bíblia e sua religião – roubaram nossa terra, esmagaram nosso espírito... e agora nos dizem que devemos ser agradecidos ao ‘senhor’ por sermos salvos".
Chefe Pontiac



"Desde que a humanidade entrou no período de civilização, tão longe quanto a memória alcança, o povo reza e paga. Ele reza por seus príncipes, por seus magistrados, por seus exploradores e parasitas. Ele reza, como Jesus Cristo, por seus carrascos. Ele reza até mesmo por aqueles que deveriam rezar por ele. E depois ele paga para aqueles por quem reza. Ele paga o governo, a justiça, a polícia, a igreja, a nobreza, a coroa, a renda, o proprietário. Ele paga por seus passos, para ir e vir, para comprar e vender, para beber, comer, respirar, aquecer-se ao sol, nascer e morrer. E implora-lhe o céu para dar-lhe, abençoando o seu trabalho, meios com que pagar cada vez mais. O povo nunca fez outra coisa senão rezar e pagar".
Pierre-Joseph Proudhon