domingo, 16 de agosto de 2020

 
    SEMPRE NO CIO

 

Polemico é uma pessoa que esta tentando ver uma questão de um ângulo inesperado, criativo. Mas no Brasil os “patriotas, politicamente corretos”, chamam de polêmicos para desqualificar o raciocínio, desvalorizar o inteligente, quem tem conhecimento. É o ódio provinciano, cúmplice dos medíocres. O “Politicamente correto” é um criminoso em busca de uma oportunidade, que vai ao limite imoral e amoral de sua causa., desde que tenha uma justificativa pública que lhe dê cobertura. Esta disposta a qualquer coisa porque o “politicamente correto” não tem limites. Ele esta animado por este impulso homicida de liquidar com tudo que é diferente. Tudo o que é novo ou diferente é rejeitado, músicas, artes, tudo é exposto ao exílio, banidos, nada de abstração, surrealismo, expressionista, abstratos, só o caráter partidário e ideológico. A pátria, a natureza, trabalho, o povo, nada de abstração, nada de subjetivismo, só a velha representação realista, homens fortes e mulheres submissas, prender e arrebentar. Este ignorante classifica o outro como se o classificador seja algo tão especial, o classificador na verdade é um verme racista da direita ortodoxa e fascista, a praga na terra.

O que eu pensei que nunca veria no Brasil, mas a cadela que falou Brecht veio até aqui e ganhou a sua cria.

 Jaime Bagha- outono 2005


 

A OUTRA

 

Escuto o som dos teus passos

Sorrio como um ator

Sem nenhuma ilusão

Procuro personagens para meu disfarce.

 

Minha alegoria é hipócrita

E minhas verdades ilusórias

Você aparece na névoa da noite

A fantasia bate a minha porta

 

Gosto do seu tique

Da mania de assoprar o cabelo

Que cobre teus olhos

Felinos, certeiros.

 

Você na névoa

Na luz como chamas

Faz-me verdadeiro

Lasciva, estranha.

 

Abro os braços na noite

Na conformidade com o real

E você me abraça

Mancha minha camisa de maquiagem.

 

O batom vermelho tem sabor

Toco a cinta liga da saia de franja

Um velho passa com olhar de soslaio

E no reflexo vejo teu rosto lânguido.

 

Na esquina do beco

Quando a metrópole silencia

Na meia luz

A saia de franja pra cima.

 

Estranho amor

Somos iguais nos enganos

Sinto-te outra vez

Depois te abandono.

 

O amor de amantes, sem juras, sem compromisso, só o momento dos encontros.  Nos tempos de subterrâneos  -  Jaime Baghá -  Primavera de 1980


sexta-feira, 14 de agosto de 2020

 


O BRASIL NÃO É PARA PRINCIPIANTES. *

Brasil, o que há na sua história, na sua formação cultural, nas suas estruturas econômicas e sociais, que explicam o seu atraso e a sua incapacidade de desenvolver valores e instituições modernas como aqueles que se desenvolveram nos países europeus e do Atlântico Norte. A teoria mais popular, formulada pelo economista Celso Furtado, é a de que a economia brasileira especializou-se na produção de mercadorias básicas, por isso industrializou-se tardiamente. Celso furtado esqueceu de falar dos canalhas que governam a nação e que aprecem de golpe em golpe para doar o país ao capital estrangeiro, são os cipaios, os vira latas, a turma do 1%¨, os que ganham muito com a miséria de muitos ou de quase uma população inteira.

Minha oposição a esta realidade normativa, a realidade brasileira é o fato de estar dominada pelo atraso politico, econômico e institucional. Sua incapacidade de superar o personalismo e o paternalismo, sua incapacidade de se livrar das formas de dependência social, pessoal remanescentes de formas anteriores de organização social, do escravismo, capitalismo, corporações, grupos de interesses, tornaram o país incapaz de desenvolver os habitus, os valores de uma sociedade realmente moderna. Junto com um governo sem nenhuma capacidade e com assustadores desvios de condutas, nossa situação que esta ruim tende a piorar. Como diz o prof. Jessé Souza: “É preciso explicar o Brasil desde o ano zero.”

*Frase atribuída a Tom Jobim.  Jaime Baghá, inverno 2020