A OUTRA
Escuto o som dos teus passos
Sorrio como um ator
Sem nenhuma ilusão
Procuro personagens para meu
disfarce.
Minha alegoria é hipócrita
E minhas verdades ilusórias
Você aparece na névoa da
noite
A fantasia bate a minha porta
Gosto do seu tique
Da mania de assoprar o cabelo
Que cobre teus olhos
Felinos, certeiros.
Você na névoa
Na luz como chamas
Faz-me verdadeiro
Lasciva, estranha.
Abro os braços na noite
Na conformidade com o real
E você me abraça
Mancha minha camisa de
maquiagem.
O batom vermelho tem sabor
Toco a cinta liga da saia de
franja
Um velho passa com olhar de
soslaio
E no reflexo vejo teu rosto
lânguido.
Na esquina do beco
Quando a metrópole silencia
Na meia luz
A saia de franja pra cima.
Estranho amor
Somos iguais nos enganos
Sinto-te outra vez
Depois te abandono.
O amor de amantes, sem juras,
sem compromisso, só o momento dos encontros.
Nos tempos de subterrâneos - Jaime
Baghá - Primavera de 1980
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