segunda-feira, 28 de junho de 2021


 PALAVRAS

 Que infernos são estes

Que habitam meu interior?

São as guerras das palavras

São as lutas do meu eu

Numa infindável batalha

De desvendá-las

Perdê-las

Juntá-las

Não deixar morrer

E revive-las em contos

Em versos

Para construir meu universo

 

Na loucura de minha mente

Inquieta

Procuro a resposta certa

Encontro linguagens erradas

E construo meu texto

Com nexo

Levado pelas palavras

 

Não quero o lírico

A rima

A métrica

Quero o verso livre

Achar a palavra

Que resuma meus anseios

 

Quero construir meus versos

Sonetos malucos

Fragmentos do meu eu

Saboreando-os

Num banquete sem fim

Nos devaneios dos meus pensamentos.

 

 

Jaime Baghá  -  Numa incansável  procura pelas palavras.

 

quinta-feira, 24 de junho de 2021


 QUASE

 Quase eu

Quase gente

Quase sempre

Quase ausente

Quase vida

Quase nada

Quase gesto

Quase não

Quase toque

Quase ilusão

Quase real

Quase asa

Quase vejo

Quase sinto

Quase sei

Quase pressinto

Quase final

Quase chegada.

 

Sendo quase tudo

Sou quase nada.

 

Jaime Baghá

terça-feira, 22 de junho de 2021


 CUIDADO COM OS GENOCIDAS

Em 1933 na Alemanha berço de filósofos e pensadores, os nazistas queimaram em praça pública livros de escritores e intelectuais como Marx, Kafka, Thomas Mann, Abert Einstein e Freud, o criador da psicanálise que fez o seguinte comentário a  seu amigo Ernest Jones: “Que progresso estamos fazendo, na idade média, teriam queimado a mim, hoje em dia, eles se contentaram em queimar meus livros”. Deixando de lado o fato de que a ironia de Freud logo se tornaria ingênua diante da barbárie dos fornos crematórios de judeus em Auschwitz e Dachau . Quando temos no poder um louco, com ódio e com seguidores ficamos sempre pensando qual é o próximo passo da barbárie, sacrificar seu povo tachados de loucos e maconheiros ou até queimá-los para apagar de vez a sua memória e dos seus livros. Este é o perigo do fascismo e como diz Brecht, “a cadela do fascismo esta sempre no cio”, e o perigo dos golpistas e fascistas estão sempre nos rodando. Despertem contra a insanidade e não deixem a sua nação cair na ignorância e no ódio, porque mortos já temos muitos e vivendo uma distopia. 

segunda-feira, 21 de junho de 2021

O RATO NA GAIOLA.

Você quer entender o processo, mas não lê, só clica e ouve o que os outros teus iguais dizem ou o que a televisão na tua sala, o grande Deus Sony te ensina e te doutrina você não pode discutir com a televisão e ela é real, é imediato, tem dimensão, esta no teu espaço. Ela diz o que você deve pensar e te bombardeia com isso, com as doutrinas do poder e ela parece ter muita razão. Ela o leva depressa as conclusões que sua cabeça não tem tempo para pensar e protestar, e também houve alguns imbecis te dizer que os livros aceitam tudo e você não sabe as qualidades literárias e aceitas tudo, então os livros não são reais, a televisão esta aí, falando para nós, ela é a verdade. Então os livros podem ser derrotados e você vai desperdiçar seu tempo, suas últimas horas correndo dentro de uma gaiola com rodas como um Hamster negando tudo, dando viva a ignorância a tua decadência e gritando mito para teu opressor, mas fazer o que? Se você é um rato que um dia pode ajudar a queimar os livros em praça pública, sob as bênçãos de um pastor maluco.      

Jaime Baghá observando a tragédia. 

 

quinta-feira, 17 de junho de 2021


 SONETO A SOLIDÃO

Quero ficar silencioso

Ouvindo músicas francesas

Nenhuma luz acesa

Contemplativo, misterioso

 

Quero a solidão de companhia

A dor que me fez ermitão

Em meio a multidão

Estou só, numa afasia

 

Quero ser o inviso

Para não privar-me da sorte

Para não perder o juízo

 

Quero a distância dos falsos

Procurando o meu norte

Alhures no meu cadafalso.

 

O meu eu, mais euJaime Baghá

segunda-feira, 7 de junho de 2021


 Casablanca, Rick Blainer (Humphrey Bogart) e Ilsa (Ingrid Bergman)

Com um salário miserável , uma ajuda pior do que uma esmola,ou não tendo nada para sobreviver, morando em péssimas condições e governados por um demente, Rick não tem nada a dizer para llsa. O amor também é um luxo, eis a condenação. Jaime Baghá

sábado, 5 de junho de 2021

 As voltas do mundo.

Vivi uma época de mudanças onde vi o executivo de cabelo escovinha que personificava o homem romano de antiga cepa, mas seu filho andava de cabelos compridos, gostava de gírias,  rock e coisas indianas, gostava de citara asiática, lia textos budistas ou libelos leninistas, conseguia conciliar Hermann Hesse, o zodíaco, a alquimia, o pensamento de Mao, adepto da maconha e sacava os ídolos das guerrilhas urbanas, alguns até trocam de casais e colocava em crise o modelo de família puritana. Eis o novo mundo que vivi e vejo novas mudanças. Estou vivendo a descentralização absoluta, crises nos poderes, o poder das corporações reduzido a uma ficção e um sistema de princípios cada vez mais abstratos. Hoje em grande atuação o capitalismo de estado voltado para grandes empresas, por isso gosto de Noam Chomsky  e todo bom ativista político. O avanço do poder tecnológico esvaziou as instituições e abandonou e centro da estrutura social, há um novo mundo ao qual eu não simpatizo porque acho que ele perdeu sua magia e valoriza os valores pecuniários, criando um mundo de mais distanciamento e miséria, e eu com minha idade avançada não quero ser um neonomadismo digital, já sou nômade nos meus pensamentos e escritos, fazendo força  para poder viver uma época interessante, como diziam os chineses.

Cuidado com as voltas que o mundo dá, hoje você lança as palavras, amanhã sente o efeito delas.  Jaime Baghá