terça-feira, 18 de julho de 2023

EU... UNIVERSO
Vida
Harmonia
Regra Áurea
Simetria
Tudo gira
Embaixo
Em cima
Tudo combina
Mistérios
Formas
Artes
Constelações
Via Láctea
Fibonacci
Diferentes
Astros
Animal
Terra
Vegetal
Ar
Pedras
Vegas
Água
Fogo
Tudo igual.
Tudo que existe possui os mesmos padrões geométricos. Jaime Baghá
Sequência das belezas e as referência do Universo criativo de Leonardo Fibonaci - Jaime

 

sábado, 15 de julho de 2023

VAZIO

Sabem o porquê tantas perguntas

Sabe o porquê a falta de respostas

Porque sou eu

Sou eu o homem

O pensador inquieto

O que foi dado à dádiva de pensar.

Sou eu que faço mil perguntas interiores

Sou eu nesta agonia

De procuras incansáveis.

Sou eu o homem

Certo e louco

Sou eu que não define

Não sei tal ou qual.

Sou eu o ser

Como todos os seres

Só uma interrogação.

Sou eu o pesquisador de mim

Sou eu o amaldiçoado

Por pensar sem resolver

Sou eu cercado por matérias

Mistérios e Deuses.

Sou eu o que pensa

Sou eu o que delira

Sou eu que procuro

E sou eu que sofro

E morre sem nada descobrir

Só míseros passos científicos

E nada mais, nada mais...

 Eu o melhor,  que vem a ser nada. Jaime Bagá

 

segunda-feira, 10 de julho de 2023

SOLIDÃO

 As vezes é difícil viver na penumbra

Em meio à anomia provinciana

Fica uma viagem maluca

Sonhando o lúdico

Em meio aos personagens surdos

Em derrisão

Imbecis de hilárias bisbilhoteiras

Rindo da própria estupidez

Das piadas da elite retrógada

Da falta de lucidez.

 

As vezes não é fácil viver mudo

Solitário

Lendo “Poema Sujo”

Sem ter alguém para comentar

Sair para as ruas

Sem ter alguém para ouvir

Sem ninguém para falar

 

Às vezes é difícil viver a erudição

Em meio a pouca educação

Inclusive dos mais próximos

Que vivem do ócio

Alguns infernais

Toscos de feridas expostas

De agressivas respostas

E a mente vazia

Sem estro

Sem vida

Sem  sonhos

E poesia.

 

Como dizia Mario de Andrade,  “Eu insulto o burguês funesto”. Jaime

sexta-feira, 7 de julho de 2023


 TACITURNO

 Quantos anos ainda por viver

Quantas linhas por escrever

Serão quantos os versos

Para explicar meu universo.

 

Vou aproveitar esta sorte

De poesias e motes

Este gosto da escrita

Até próximo da morte.

 

Quero decifrar o ser

Mesmo sem nada saber

Se não acertar as mensagens

Quero marcar a passagem.

 

Mesmo na tese certeira

De nunca cruzar a fronteira

Falar, conta

Viver, estar

 

Certo ou incerto

Louco ou incoerente

Ler, escrever, entender

Para mim o suficiente.

 

A sina - Jaime Baghá

sábado, 1 de julho de 2023

O MENINO E A DITADURA

Eu também não sabia bem o que estava ocorrendo, só via os jatos dando voos rasantes e de maneira muito intensa, o colégio que eu estudava ficava nos fundos do campo de pouso da aeronáutica, Colégio Agrícola Daniel de Oliveira Paiva (CADOP) e tínhamos um grêmio estudantil, com um presidente chamado Paulo Guedes. Paulo tinha uma liderança muito forte, com ele aprendemos a ver com outra ótica as questões políticas, e começamos a entender o que estava acontecendo.

De uma  maneira pueril entendíamos que os militares  eram os malvados e os perseguidos os mocinhos. Com toda esta carga de irracionalidade dos militares eu só não entrei para nenhum grupo contrário porque não tinha conhecidos muito atuantes, era um menino e nossa contestação se reduzia a um pequeno grupo de amigos que faziam parte do teatro amador.

Num belo dia, próximo das férias,  chegaram os militares no colégio para falar sobre  nosso alistamento, foi a gota d'água, demos uma violenta vaia no tenente e dissemos que não queríamos armas e nem aprender a torturar e matar estudantes, a coisa ficou preta, este tenente arregalou os olhos, deu uma violenta descompostura na turma e no meu caso especial por ser o metido,  disse que ia me pegar, ameaçou outros da mesma maneira e foi novamente vaiado. O alistamento não terminou em detenção porque éramos menores, mas deixamos o diretor em maus lençóis e o Paulo Guedes do Grêmio Estudantil sumiu por um tempo. A situação ficou tão horrível que não ganhamos  nossa carteira, a famosa terceira que dava dispensa de servir as forças armadas. Não pude jurar a bandeira (se o tenente me visse estava ferrado), meu pai me enviou para umas férias na casa do vô João em Santa Catarina. O meu avô Chico (parte de mãe) que era muito político, conseguiu a minha famosa terceira com o Deputado Brusa Netto de Porto Alegre, e eu sempre de olho,  durante muito tempo me cuidando do tal tenente.

 Bem a pouco tempo tive noticias que o Paulo Guedes morreu, trabalhou numa multinacional, político e  prefeito de um município do interior do Rio Grande do Sul. Eu me transformei num leitor dos escritores marxistas, história, filosofia e sociologia, aprendi que um não pode comer e o outro  ficar olhando, entendi a ver melhor que a transformação da sociedade  só poderá acontecer e se caracterizar pela ideia  através da distribuição equilibrada  de riquezas e propriedades, diminuindo a distância entre ricos e pobres. Encontrei o pessoal da esquerda festiva (como dizia o Lacerda) e nunca mais fui o mesmo e se alguma coisa valeu na minha vida foi esta transformação, que me ensinou a gostar de poesias, arte, músicas de qualidade, sensibilidade e mais humano, "demasiado humano" como dizia Nietszche. Sds. Jaime