sábado, 31 de julho de 2021


A LIBITINA

Quanto penso na morte, não temo o fim dos aspectos materiais, tampouco medo, mas sim o fim da magia, das músicas e clássicos que ouvi dos livros, dos pensamentos máximos dos grandes pensadores e poetas. Da fauna, da flora, dos pássaros e animais. Do mergulho no oceano e seus mistérios, da caminhada no inverno à beira do mar deserto e aquele papo interessante com os amigos, há quando penso na morte. Pouco ligo para a vida, mas o triste é não mais ver aquilo que faz a vida, a arte e a contemplação da natureza.

Jaime Baghá - Temam menos a morte e mais a vida insuficiente. B.Brecht

quarta-feira, 28 de julho de 2021


 LUZES NEGRAS

Há muito tempo

As luzes negras não me iluminam

Adeus luzes negras

Das noites de festas

Adeus ilusão

Doce fantasia

Parto para as brancas luzes do sol

E o breu da noite

Para meditar a realidade

A magia

Observando cintilantes estrelas no céu

Do mar do interior

Adeus luzes negras.

Quando sai das metrópoles e das noites de festas. – Jaime Baghá

terça-feira, 20 de julho de 2021


 CONTATO

Se houver outras civilizações

No espaço infinito

Não fiques triste

Teu Deus não morreu

Se o outro ser nada venera

Por favor, não o doutrine

Não lhe fale de nossas guerras

Não o transforme num sectário de ninharias

Conte teus pecados

E em nome de Deus não o faças matar

Fale do teu imbecil

De razões por trair e venerar

Mas o melhor seria

De o teu mundo nada contar.

Jaime Baghá – Achando que ainda tem algo a ser descoberto.   

 

quarta-feira, 14 de julho de 2021

Eu Baghá, as vezes saio à esmo pelas ruas do Morro das Mortes no desvario de achar um boteco para o meu iluminismo fluorescente encontrar um papo cabeça para eu poder destilar meu macunaismo indecente. Estou no sedentarismo metafísico e de tanto ouvir reza e cultos no altofalante da província, quase um existencialista arrependido, um velho na contramão da cultura arcaica, olhando de longe a Velha da Foice, quase puxando a cordinha da descarga para o nada, expiar meu pecado original, do meu miasma niilista. Mas aí chega outros caminhantes, Kerouacs modernos, amigos de estradas, para aplacar minhas angústias. Eu e meus amigos Maneca e Khan na década de 80, como sempre pegando uma estrada. Jaime Baghá

sábado, 3 de julho de 2021


 NÃO VIVO SEM OS SONHOS.

 Era a época que líamos Carlos Castañeda, apreciávamos a cultura beat e a contracultura com Luis Carlos Maciel e ficávamos pirados lendo filósofos como Friedrich Nietzsche, escritores russos como Tolstoi e Dostoiévski, filosofia de Camus e Jean Paul Sartre. Tentávamos buscar algum sentido para toda essa maluquice que é nosso sistema, via peças de Jose Celso Matinez, Plinio Marcos e Augusto Boal, escutava Bob Dylan, Led Zeppelin Chico Buarque, os Novos Baianos e músicas francesas,  Era a época de ver o filme 'The Wall' do Pink Floyd e chegar em casa com a cara do tipo o que eu estou fazendo para mudar todo esse estado de coisas. Fazia fogueirinha de papel na beira do mar, cantávamos e corríamos muito loucos com as namoradas nas lindas praias de Santa, sonhávamos que o mundo seria como a época de Aquarius, andávamos de calças jeans e cabelos compridos e adorávamos os festivais da canção, os filmes de Polansky, Almodovar, Wood Allen, Godard. Cantávamos caminhando a noite pelas ruas de P.alegre, namoravamos  nas praças e adorávamos os barzinhos, só fugiamos da ditadura e eu tinha um pé com o movimento estudantil mas éra muto jovem e só quería viver. O legal de tudo isso é que estes amigos até hoje  ainda me são encantados e encontra-los é sempre uma grande alegria e um momento mágico, porque a juventude no fundo além de uma época da vida é sim um estado de espírito e pra mim eles ainda são os mesmos jovens. Talvez a melhor época da vida seja agora, ou a juventude legal que alguém também viveu em outras épócas, mas aqui falo da minha que o pessoal ainda curte as músicas e chama de época de ouro, sim, foi isso, para mim uma época de ouro, um passado mágico, hippie e de sonhos que passou em nossas vidas, mas que ainda não sai de nós, pelos momentos tão mágicos e felizes que vivemos, e eu vivi intensamente.  

 

Jaime Baghá, que ainda não vive sem os sonhos.

 

sexta-feira, 2 de julho de 2021


 Não escrevo para ganhar fama, minha imortalidade é para os filhos e os netos ler o que gosto de fazer. Seguramente escrevo para satisfazer alguma coisa que se acha dentro de mim, não para outras pessoas. O que faço e meu esforço são para livrar-me de alguns infernos interiores e minha observação do que fazem os homens no mundo. Claro que, quando os outros reconhecem minha satisfação aumenta, fico feliz, mas mesmo assim escrevo para mim seguindo um impulso que vem de dentro e que minha literatura as vezes voraz me ajuda. Todos deveriam escrever mesmo que seja para deixar sua marca nesta curta passagem por este mundo. Jaime Baghá