NÃO
VIVO SEM OS SONHOS.
Era
a época que líamos Carlos Castañeda, apreciávamos a cultura beat e a
contracultura com Luis Carlos Maciel e ficávamos pirados lendo filósofos como
Friedrich Nietzsche, escritores russos como Tolstoi e Dostoiévski, filosofia de
Camus e Jean Paul Sartre. Tentávamos buscar algum sentido para toda essa
maluquice que é nosso sistema, via peças de Jose Celso Matinez, Plinio Marcos e
Augusto Boal, escutava Bob Dylan, Led Zeppelin Chico Buarque, os Novos Baianos
e músicas francesas, Era a época de ver
o filme 'The Wall' do Pink Floyd e chegar em casa com a cara do tipo o que eu
estou fazendo para mudar todo esse estado de coisas. Fazia fogueirinha de papel
na beira do mar, cantávamos e corríamos muito loucos com as namoradas nas
lindas praias de Santa, sonhávamos que o mundo seria como a época de Aquarius,
andávamos de calças jeans e cabelos compridos e adorávamos os festivais da
canção, os filmes de Polansky, Almodovar, Wood Allen, Godard. Cantávamos
caminhando a noite pelas ruas de P.alegre, namoravamos nas praças e adorávamos os barzinhos, só
fugiamos da ditadura e eu tinha um pé com o movimento estudantil mas éra muto
jovem e só quería viver. O legal de tudo isso é que estes amigos até hoje ainda me são encantados e encontra-los é sempre
uma grande alegria e um momento mágico, porque a juventude no fundo além de uma
época da vida é sim um estado de espírito e pra mim eles ainda são os mesmos
jovens. Talvez a melhor época da vida seja agora, ou a juventude legal que
alguém também viveu em outras épócas, mas aqui falo da minha que o pessoal
ainda curte as músicas e chama de época de ouro, sim, foi isso, para mim uma
época de ouro, um passado mágico, hippie e de sonhos que passou em nossas
vidas, mas que ainda não sai de nós, pelos momentos tão mágicos e felizes que
vivemos, e eu vivi intensamente.
Jaime
Baghá, que ainda não vive sem os sonhos.