O Último Julgamento - Hieronymus Bosch
A contrariedade da Asor
Havia
uma pequena cidade chamada Asor que queria ser fraterna, ficava longe das
metrópoles, era religiosa, sem índices de criminalidade e cercada por lagos e
um verde exuberante. Porém a pequena cidade tinha divisões por ignorância,
avareza, invejas, comentários sobre o alheio, intrigas, desdém e muita política.
Enquanto
as mães conversavam a última sobre o alheio, seus filhos com ódio surravam meninos
menores, jogavam pedras nos cachorros, apanhavam todas as flores quebrando
alguns galhos dos hibiscos ao redor do prédio público. Jovens destruíam placas e
patrimônios, outros no centro de ensino com números partidários gravados na
cabeça e pintados nos corpos faziam guerras ideológicas, sem saber o que era
ideologia.
Digladiavam-se
destilando os ódios de seus pais, todos eles, predadores, valentes,
partidários, destruidores de patrimônios, árvores e flores, tinham em comum
serem filhos de políticos e bajuladores que não davam exemplos e de mestres da
própria escola com muros altos iguais aos presídios, onde se podia vislumbrar o
maior acúmulo de lixo e ao seu redor.
Os
jovens em confrarias assim como seus pais, apaixonavam-se cedo, dividiam-se
cedo, esportivamente, religiosamente e tristemente também os amores, os muitos corações
que viviam juntos em festas terminavam partidos e perdidos.
A cidade de tantos cultos, rezas e procissões,
que adorava festas e que se possível seriam eternas, vivia separada e pouco
fraterna, no fundo era um formigueiro de homens sós.
O paraíso e a falsidade dos
pequenos vilarejos do interior onde a política dita às regras. Jaime
Baghá