domingo, 10 de março de 2019



OS AMANTES

Você acordava primeiro
Andava pelos cômodos do apartamento
Velho sobrado encima do café
Seminua
Cabelos em desalinho
Com um baby-dol de seda
Estampado de rosas vermelhas.

Eu ficava na cama
Olhando o teto
Braços abertos
Peito nu
Tatuagem viva
Sorriso jovem de felicidade.

Não pensávamos no que fazer
Estar ali
Só nos dois
Já era o feito
A juventude já era a vida,
O perfeito.

Agora acordo primeiro
Quase num andar derradeiro
Você vestida
Assim como eu
Da sedução para o pijama

Já sabemos o que fazer
Estamos na delicadeza
A tatuagem desvanece
Como nossa visão
E nossa luta
É para que nosso mundo
Não fuja do perfeito.

A vida é breve, longo é o amor. Jaime Baghá



O Caos capital das corporações

Você vive no mundo da fantasia, de uma fantasia macabra onde instituições e corporações influenciam violentamente a política pública e transformam-se em armas financeiras de destruição de massa. O capitalismo não tem se saído muito bem ao lado da produção e estou falando dos bens de serviço, aquelas que são para satisfazer as necessidades humanas, o forte deles é a especulação financeira e para isso obtém a ajuda da mídia com os seus trabalhos de alienação e desvio da opinião pública. Pelos jornais, rádios, televisão, as pessoas são informadas que precisam se sacrificar e aceitarem os cortes nos gastos sociais, terem menos direitos e benefícios trabalhistas, tem é que encarar a destruição da economia em nome de uma maravilhosa ciência econômica. Esta bobeira coletiva é incapaz de enxergar o verdadeiro problema e o manipulado briga com o próprio amigo. Com parte da sociedade desorientada, imbecilizada, o poder do capital exerce uma grande força controlando o seu discurso, a mídia se especializou em dizer que o problema não é o capital e o tolo os segue com um zumbi. Colocam a culpa nos miseráreis, nos negros, nos imigrantes, nos refugiados, culpa todo mundo, mas nunca se toca na questão central das contradições do capital que lhe domina e lhe rouba. É o grande equívoco econômico que soa como um senso comum, como uma economia doméstica, meu amigo, tua economia doméstica não coleta impostos e não imprime dinheiro. A globalização que deixou circular a riqueza dos grupos privilegiados desarticulou ate velha base tributaria das políticas keynesianas onde prevaleciam os impostos diretos sobre a renda e a riqueza e vão contra até os mais renomados economistas, como o francês Thomas Piketty que foi o grande responsável por colocar novamente a desigualdade de renda e riqueza como uma questão política importante. Muito do sucesso capitalista e predatório das corporações foi aprender a combater as lutas dos trabalhadores, em grande parte graças a ajuda de um povo sem conhecimento, que manipulados, foram para a rua fantasiados de amarelo pedindo a sua própria ruína, mas não é só aqui. Como falou David Harvey, o mundo vive um estado de loucura, com uma população alienada e cega contra seus próprios direitos.

Jaime Baghá