quinta-feira, 22 de dezembro de 2022


 EU

Eu sou só um pensamento

Só uma alucinação

Só um tormento

Só uma sensação.

 

Eu sou só uma passagem

Só um divertimento

Só uma mensagem

Só um sofrimento.

 

Eu sou só um grito

Só uma imagem

Só mais um ser no infinito.

Só uma coragem.

 

Eu sou só um delírio

Só uma maldade

Só mais um sem juízo

Só uma verdade.

 

Eu sou só um ser

Só uma ventura

Só um saber

Só todo loucura.

Eu o ser  - Jaime Baghá  - 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022


 POR AÍ

Fique você por aí

Cabeça, tudo bloqueado

Eu vou sai por aí

Despistar a ignorância

Ver outra gente, além desta gente.

Fique você por aí

Você é este amarelo demente

Eu não estou nem aí

Minha pátria é a minha gente

Só paro no tempo na beira do mar

E tem mais

Não choro no caís.

Fique você aí

Contando o vil metal

Com ódio da vida

Eu sei quem ganha esta corrida

Sofremos pouco ou demais

Morremos iguais.

Fique você aí pascácio

Como no universo eu quero ir além

Vagabundo astro

Resto ou pedaço

Girando, olhando

Vivendo sonhando

Sentindo, não parvo

Mais claro.

Fique você por aí no nada

Disfarce com roupa amarelada

Mas acabará no cinza

Eu, talvez de tanto delírio

Estarei por aí ainda.

Um rebelde com causa, em deboche para os fanáticos de amarelo que defendiam um louco do poder.  – Jaime Baghá  

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022


TEU

Sou teu

No sussurro do beijo

No depois do desejo

Pelo meio da rua

Na esquina da vida

Sou teu

E ser teu me faz perdido

Querendo a paixão do teu suor

Sou teu no que tenho de melhor

A pele, o pelo, a paixão

Sou teu do fundo do coração

Serpente que se enrosca no teu peito

Procuro, acho e mostro meu defeito

De ser teu eternamente

Sem mais querer, ser teu simplesmente

Se mais fizer, for teu docemente

Sem mais te ter

Ser teu.

 Jaime Baghá  -  Numa rara poesia de amor.

 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

MINHA MORTE

Serei breve

Como cabe a um moribundo

Pois minha alma leve

Tem ânsias de ganhar outro mundo

Aos amigos mais chegados

Deixo um pedido a toa

E não se trata ó bastardos

De consolar minha patroa

Antes que este fio de luz se vá

E eu me perca na noite profunda

Enxotem o padre a golpes de pá

E as beatas com chutes na bunda

Depois hidromel

Vinho seco

Farinha branca

Com isso partirei

Fluido flamante feliz

Passarei a eternidade

A comer margaridas pela raiz.

 

Jaime Baghá    O epitáfio é a última vaidade do homem.

Quadro "O Grito" de Edvard Munch