domingo, 24 de junho de 2012


INDIGNAI-VOS
O livro de Stéphane Hessel, “Indignai-Vos” (Indignez Vous), ultrapassou os 500 mil exemplares em vendas, nele Hessel convida para que as pessoas façam um envolvimento social e político para um mundo diferente e mais igualitário. No seu opúsculo, mas grandioso livro, ele fala aquilo que todos vemos e não nos indignamos, porque estamos cegos em ser aquilo que a mídia comparsa quer. Não vimos a vergonha de uma sociedade doente perniciosa e corrupta, uma oligarquia de ricos e poderosos junto com políticos canalhas, comprados pelos mercados financeiros, abandonando os valores de uma democracia moderna e decente. Hessel conclama por todos os tipos de indignados, principalmente os mais jovens, em sua maioria agindo como zumbis para o consumismo moderno. “Aos Jovens eu digo: olhem a sua volta e vocês encontrarão os temas que justificam a sua indignação”.  Hessel sofre acusações por parte de algumas organizações judaicas, porque se solidariza com o sofrimento dos palestinos, estas organizações esqueceram o que Hessel nunca esqueceu, como judeu perseguido que passou por campos de concentração e lutou bravamente na resistência francesa contra os nazistas.  Diplomata, embaixador e participante da Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948, Hessel sabe bem o que fala.
Fiquei muito surpreso ao abrir o livro de Hessel, não pelo conteúdo, o qual eu já tinha uma expectativa do que se tratava, mas por deparar-me na primeira página, com a figura de um quadro de Paul Klee, “Angelus Novus”, em que Hessel se refere ao comentário do filósofo alemão Walter Benjamin, que foi o primeiro proprietário da obra e sobre a qual ele via um anjo repelente. Benjamin falava da “tempestade que chamamos de progresso”. Minha surpresa é que numa postagem em meu blog em 26 de março de 2009, coloquei uma poesia de minha autoria chamada “A Tempestade”, onde eu mostro uma foto de Benjamin e o quadro de Paul Klee. Minha poesia também é uma indignação contra as atitudes dos afortunados e políticos, dos que obtém lucro na devastação. “Aquilo que chamamos de progresso é este vendaval”, ela foi composta em 1999 sem que eu nunca tivesse ouvido falar do Sr. Hessel. Muitas vezes me refiro como um “cara que anda sempre na contramão”, é uma ironia referente às minhas posições que carrego desde muito jovem. Vendo a opinião de Stéphane Hessel e da grande maioria dos escritores, filósofos e ativistas políticos com responsabilidade moral e social, fico muito feliz em ter esta linha de pensamento. Minha poesia publicada nas primeiras postagens deste blog com a mesma indignação, numa visão que antecipa a obra de Hessel, fortalece o meu pensamento e dos que amam o planeta terra e seus semelhantes.
“Ceux que marchent contre Le vente”, os que andam contra o vento, nome que foi pego emprestado dos Omahas (povo indígena da América do Norte da família dos Sioux), para dar nome a esta coleção do livro de Hessel. Acho que também sou um dos: “Os que andam contra o vento” e creio que vou morrer na contramão, um socialista libertário sem expressão de uma província do interior, um rebelde sem pausa.  

Jaime Baghá