sexta-feira, 9 de julho de 2010

Sou contra aquele ditado que diz: “uma imagem vale mais do que mil palavras”, a palavra não pode ser tão desvalorizada. Um texto quando bem escrito não precisa nem chegar a tantas palavras para nos transportar a um mundo de imaginação. Através da leitura podemos criar imagens e sonhos capazes de nos tirar do convencional, tornando-nos mais inteligentes, mais criativos e menos indiferentes com as mazelas do mundo à nossa volta. Cuidado! Ler pode tornar as pessoas perigosamente mais humanas.
Texto do meu querido Jaime filho.




O vídeo é uma campanha de incentivo à leitura idealizada e produzida por: Deborah Toniolo, Marina Xavier, Julia Brasileiro, Igor Melo, Jader Félix, João Paulo Moura, Luciano Midlej, Marcos Diniz, Paulo Diniz, Filipe Bezerra. (Alunos do 2ºano - turma pp02/2003 - do curso de Publicidade e Propaganda da UNIFACS - Universidade Salvador). Com adaptação do texto de Guiomar de Grammont.

ECCE HOMO (A Grandeza da vida)

Quero mais...
Além de homens e vermes
Quero o espanto
Assombro, encantos!

Os mitos
Almas e espíritos
Deuses e Querubins
Divindades e ritos!

Os sonhos
De infernos e paraísos
Demônios e super-homens
Ninfas e sibilinos!

As dúvidas
Planetas e outras vidas
Portais e disco voadores
Seres e alienígenas!

As certezas
De universos e galáxias
Buracos negros, cometas
Sistemas e vias láctea!

Eis o meu mais!

Acabar, findar
Sem nada descobrir
Pouco para enxergar
No meu miserável
Estado natural.

Eis o meu mais!

Feito um cão
Viver e morrer
Em meio à danação
Dos homens comuns!

Eis minha realidade!
Eis meus estado natural!
Eis minha verdade!
Eis o meu caos!

O estado natural de tudo não é o caos?

Jaime

sexta-feira, 2 de julho de 2010



Família do meu avô Joaninha. Da esquerda para direita: Laide, José(meu pai), Vó Rogina, Rosa (colo), Maria, Bonifácio, Vô João, Lino e Serafim.

OS NETOS ESPÚRIOS

Meu sobrenome é Silva, o sobrenome de minha mãe é Arcênego, porém meu pai optou somente pelo Silva, dizia ser mais brasileiro. Meu avô chamava-se João José da Silva, conhecido na sua região como Seu Joaninha pelo fato da mãe dele (minha bisavó) se chamar Ana, então ficou conhecido como João da Aninha. No interior concilia-se o nome dos pais aos filhos para melhor a identificação. Tenho um enorme orgulho do meu avô, por ter sido um homem muito gentil, íntegro, honesto e trabalhador. Acho que o melhor da minha vida foi quando passava as minhas férias na sua casa do interior, correndo pelos campos, tomando banho em açudes, subindo nos pés de frutas, cantando com os peões no engenho em época de safra e fazendo todas as espécies de travessuras típicas de um menino feliz em férias escolares. Eu e meu avô éramos bons amigos, conversávamos muito, ele me falou muitas coisas que até hoje carrego comigo como ensinamentos, além de ter me ensinado a pescar, montar a cavalo e entender um pouco de pecuária e agricultura. Falava muito sobre o comportamento, os quais mesclavam com histórias sensacionais e hilárias. Teve uma grande família (sete filhos), todos muitos educados. Era uma pessoa de muito conceito entre seus amigos, solidário com seus semelhantes e de grande prestigio em sua comunidade. Diante deste quadro de muita honra, entristece-me ver alguns dos seus descendentes, netos emergentes, renegarem o sobrenome Silva como se isso os fizessem melhor. Temos muito Silvas que são e foram melhores e não necessitou mudar o sobrenome: atletas, campeão mundial de fórmula um, ministros, artistas, intelectuais e até nosso presidente, além de tantos que não caberiam neste escrito. Resolvi escrever esta crônica para avaliar estes parentes imbecis, que pensam que a sociedade vai lhes mimar mais pelo fato de trocar o sobrenome que o idiota julga comum. Eu sei que neste mundo de mitos e aparência e imbecilidade coletiva (a disneylização do Sr
Baudrillard) eles encontram pares. Depois deste fato, conversei com estes parentes, não muito, porque era visível a falta de conhecimento político e social, apegaram-se às crendices babacas, literaturas de auto-ajuda, cultuando divindades duvidosas, cantores e artistas vulgares e vestindo uma moda alegoria, apegados ao conservadorismo de interesse e arcaico. Acho que eles devem participar de alguns eventos culturais, como ir ao teatro, mas tenho a certeza que desconhecem a peça, o dramaturgo e se riem ou se comovem é porque a platleia o faz, porque é claríssimo o desconhecimento do trabalho literário, teatral ou musical, não entendem a encenação, porque suas próprias vidas é uma encenação de uma opereta barata e bufa. A única esperteza que notei nestes parentes é a que usam para ganhar, lucrar, sempre encima do incauto que eles adestram e exploram, depois abandonam (inclusive amigos e parentes), quando não tem mais nada para sugar, descartando o explorado ou este se afastando quando pressentiu o engodo. Meu entendimento para esta artificialidade nos modos lembra-me uma parábola que meu avô contava quando via alguma tolice, dizia ele para mim em tom de pergunta: "quando o mundo começou tinha sete bobos morreram um, quantos ficaram? eu, para mostrar-me esperto respondia muito rápido, "ficaram seis, dindinho", rapidamente meu avô discordava, "não, ficaram quinze", e explicava: " é que o número de bobo são piores que ratos, desafiam a natureza, se proliferam muito rapidamente", e dava uma gargalhada. Mais tarde alguns (bem poucos) de seus descendentes, iam desonrar o seu sobrenome de caráter, sabedoria e respeito, para adotar outro que melhor lhes satisfaçam seus interesses espúrios e oportunistas. Querido Avô, estes são os bobos que para ter um pouco do vil metal e pouca magia na vida, para ostentar um status imbecil as custas do engano, colocaram a máscara mais horrenda que os mortais comuns gostam de usar. Não são mais um dos nossos, não tem mais o nosso sobrenome, ainda bem, não gostamos de ver nosso sobrenome comum nos bobos e acho que o Seu Joaninha já sabia disso, pois conheceu cada um deles desde que nasceram.

Jaime