sexta-feira, 18 de dezembro de 2020


 RECLUSÃO       

A casa é simples entre o mar e as montanhas da serra, mas estou recluso com meus discos do Blur, Metallica, U2, Miles Davis, Billie Holiday, Elis, Chico, Rachmaninoff. Livros e recortes de Foucault, Nietzsche, Chomsky, Hobsbawn, Beckett, Schopenhauer, Drumond, Bukowski, Leminski, poemas simbolistas e manifestos iluministas. Umas visões de Jessé Souza e Pierre Bourdieu para não perder a ternura, e de vez em quando colocando na página social um esculacho ao bufão que nos “governa” e seus asseclas dementes. Assim vou aliviando meu isolamento e dando um sentido a vida na “dupla curva”, dos sensatos que escolhem a vida ou o falso dilema da economia canalha que até Hayek e Von Mises teriam vergonha e Marx e Thomas Piketty profundamente irritados pela desigualdade.

Na época do Covid 19 – 2020  -  Jaime Baghá

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020


 A REVOLTA DOS DÂNDIS

Por ser aceito

Convidado

Estava ali

Frente aos confrades sentados

Falei-lhes

Sem, no entanto saber

O que nunca haviam escutado.

 

Falei-lhes de Caetano

Lina Bo Bardi e Glauber

Betinho, mil planos

Henfyl, Brasil

De poesias

Sonhos e de Elis

De músicas e arte latina

E coisas do meu país.

 

Então o grupo

De vazia Sabedoria

Lançou-me um olhar de soslaio

Em clara xenofobia

E numa emulação

Jogaram ao abandono

O meu brâmane companhia.

 

Dândis interioranos

Continuam ao meu lado

Arredios, desconfiados

Olhando-me de longe

Amedrontados

Alguns se aproximam

Comigo mais análogos

E assim passam os dias

Eu continuo a sorrir

Com ares de melancolia.

 

Tantas situações

Podíamos deixar viver

Ditirambos

Subversões

Contos e ficções

Eu profícuo, com visões

Mas inviso

Um inovador reaça

Como um personagem de Kafka.

 

Uma poesia ao “conselho de cultura” do interior que teve uma curta vida, que adoravam festas particulares, roupas “demarca”, fardamento escrito nas costas dizendo que eram do conselho de cultura da província de maneira pueril. Um regular grupo de eventos, e parco conhecimento, só isso.  Jaime Baghá

terça-feira, 1 de dezembro de 2020


 POESIA E MÚSICA

A grande maioria deste pessoal faz música e poesia com cultura, tem uma forte influência e anda junto com um pessoal esclarecido e dos que sonham com uma vida melhor. Tem uma enorme visão político social e são conhecidos em todo o mundo, são críticos de qualquer forma de governo reacionário e conservador e abominam os imbecis, por isso eu sou eles, não só pela beleza de suas poesias, mas porque os entendo e compactuo com suas mensagens. 

Jaime Baghá

segunda-feira, 23 de novembro de 2020



 OS CRIMES AMBIENTAIS NO BRASIL

Ao longo de anos de maus tratos, a Amazônia Legal perdeu em torno de 900 mil quilômetros quadrados de florestas, correspondendo a aproximadamente 18,2% de sua área total, em torno de 5 milhões de km2, segundo estimativa do diretor do Departamento de Política para o Combate ao Desmatamento do Ministério de Meio Ambiente (DPCD/MMA), Francisco Oliveira.

A perda da cobertura natural vem influenciando o delicado equilíbrio ambiental na região, com reflexos sobre o clima no restante do país, aponta o renomado biólogo americano Philip Fearnside, pesquisador e coordenador de pesquisas em ecologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). “Entre outros serviços, a floresta recicla água, o que é crítico para as chuvas em São Paulo, inclusive; armazena carbono, evitando o agravamento do aquecimento global; e mantém a biodiversidade, que tem muitas utilidades econômicas, além de valores não econômicos”, anota Fearnside. Agraciado com o Prêmio Nobel da Paz em 2007, juntamente com a equipe do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), Fearnside afirma que “a economia da região está quase toda baseada na destruição da floresta”, menosprezando o fato de que o valor dos serviços prestados pela mata ao homem é muitas vezes maior do que “o retorno da destruição”. Ele aponta o agronegócio como um dos principais “motores do desmatamento”, que tem apresentado índices decrescentes num período mais recente, mas ainda avança principalmente sobre regiões no entorno da “área indígena Parakanã, ao lado de Tucuruí, e das barragens do Rio Madeira e de Belo Monte, na rodovia BR-163, na Terra do Meio, no Sul do Amazonas e em Roraima”, diz ele. Toda a destruição da floresta tem a cumplicidade do governo federal e das corporações que agem de maneira insana e irresponsável, uma vergonha para os brasileiros conscientes e dos países do mundo, do qual recebem diversas críticas pela ganância e insanidade. (F) .  -  Jaime Baghá

quinta-feira, 19 de novembro de 2020


 OS OBSCUROS * (ou Ápeiron)

Amanheci interiorano

Vou para beira do mar

Escrever no promontório

Ficar longe dos Dórios

Que sabem pouco o amar.

 

Além dos desenganos

Sinto o ar do oceano

Longe da afasia

Solitário

Manhã, cedo

Parado numa ataraxia

Sem a lira

Sem enredo

Mas poeta

Mais Aedo.

 

Esqueço os simples mortais

Suas banais cerimônias

Viajo pelo éter astral

No arque das cosmogonias

E os pífios de tão cegos

De quase vazios cérebros

Escolheram seus destinos

Vão para as sombras de Érebos.

 

Não quero suserania

Só etéreo em meu ego

Viajar nas poesias

Como Homero o cego

Indiferente aos povos

Quero ter a plenitude

Na harmonia do logos.

 

Não cultuo rapsódias

Como o senhor do certo

Acho que são paródias

De um poeta eclético

Pois a moral de tudo

É que vivo neste mundo

Uma odisseia louca

Um Ulisses vagabundo.

 

·         Uma analogia a Heráclito de Éfeso – Jaime Baghá

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Alto - Antonio Vivaldi, Johann Sebastian Bach, Wolfgang Amadeus Mozart, Ludwig van Beethoven;segunda fila - Franz Schubert, Frédéric Chopin, Richard Wagner, Pyotr Ilyich Tchaikovsky;terceira fila - Johannes Brahms, Antonín Dvořák, Igor Stravinsky, Dimitri Shostakovich;Última fila - Béla Bartók, George Gershwin, Heitor Villa-Lobos, Krzysztof Penderecki

A MÚSICA

Quando menino, perguntava a mim mesmo qual o sentido dos clássicos, óperas, dramas musicais que alguns, principalmente os mais velhos ouviam na discoteca Pública de Porto Alegre, onde eu gostava de ir e ficava a apreciá-los com seus fones no ouvido e com seus olhos fechados quase em transe.

 As dúvidas do belo, a intriga pelas viagens dos tenores, a graça das sopranos e a harmonia da orquestra, fizeram com que eu me aproximasse para entender aquela confusão de pessoas que em pouco tempo transformavam-se numa consonância perfeita.

 Hoje mais velho vivo a sensibilidade que esta aproximação me causou, agora tal quais os velhos que eu observava na infância, viajo pelas músicas com se estivesse na velha Discoteca Pública, com um pequeno lamento de não ter sido ainda menino levado a esta magia da música clássica.

 Talvez pela infância modesta e de pouco conhecimento, minha sensibilidade teve que esperar algum tempo para poder embalar a alma e os meus sentidos, que só os cânones pré-estabelecidos dos clássicos conseguem, e acredito que seja a paz de minha velhice e o doce embalo de minha imutável morte.

 Um dos significados da minha vida é a música Jaime Baghá

quinta-feira, 5 de novembro de 2020


       

 

O saque das corporações

Uma consistente matéria da jornalista Marina Amaral demonstra claramente os vínculos entre a organização ultraliberal norte-americana Atlas Network com organizações brasileira como o Instituto Millenium, Institutos de Estudos Empresariais que promovem anualmente o Fórum da Liberdade, desde 1988, Instituto Liberal, Instituto Ludwig von Mises, Estudantes pela Liberdade, entre outras. O Movimento Brasil Livre (MBL) que teve destacada atuação nos atos a favor do impeachment da Pres. Dilma, tem origem no Students for Liberty, fundado em 2008 na Columbia University, que tem como “missão” “empoderar jovens estudantes liberais” ou líderes estudantis “libertários”. Na verdade libertários para as grandes corporações que lucram muito a todo custo, deixando um mundo mais pobre e desigual. E o sentido da palavra “libertário”, não se vincula ao que lhe foi dado, a palavra na verdade e historicamente pertencia ao movimento anarquista que luta a favor dos mais fracos.  A palavra libertário foi usada a partir das concepções econômicas de Milton Friedman e da Escola Econômica de Chicago, ou de Ludwig Von Miss, Friedrich Hayes e a chamada “Escola Austríaca”. A Atlas Network promove programas de treinamentos, cursos e apoio financeiro em todos os continentes, entre financiadores e apoiadores estão fundações e grandes corporações como o Google. Seu presidente desde 1991, conhecido como Aléx Chafuen é Alejandro A. Chafuen, argentino radicado nos Estados Unidos, ligado a Opus Dei e simpatizante do Tea Party, tendência ultraliberal dentro do Partido Republicano, que também é o presidente fundador do Hispanic American Center of Economic Research. Vale registrar que Chafuen estava presente no ato pró-impeachment  de Dilma em P.Alegre em 12 de abril de 2015. Diversos empresários bilionários estão por trás destas organizações, entre eles os Irmãos Koch, bilionários norte-americanos cujas empresas atuam entre outros, no setor de petróleo e gás, e lucram muito no Brasil com a cumplicidade dos saqueadores locais;

A parceria do Instituto Millenium com a Atlas Network revela os vínculos do think tank norte-americano (com intuito de servir aos propósitos corporativos) com a mídia corporativa brasileira. Entre os mantedores e parceiros do Instituto Millenium estão o grupo a Abril, o Grupo Oesp o Grupo RBS de Sta. Catarina e Rio Grande do Sul e a Rede Globo entre outros.

Os interesses econômicos e geopolíticos dos Estados Unidos e suas gigantescas corporações estão em todos os países, aqui foi às significativas reservas de petróleo da camada pré-sal na costa brasileira e a preocupação com o papel econômico e geopolítico dos BRICS, isto explicam as ações de vigilância da NSA e a atuação de think tanks norte-americana no Brasil. Eles também estão em diversos países do mundo, especialmente no Oriente Médio e no norte da África, ricos em petróleo. Ações desestabilizadoras piores que aqui, com recursos de armas foram realizados em países como o Iraque, a Líbia e Síria, além da Ucrânia e tantas outras partes do mundo. As estratégias mais recorrentes deles é insuflar a população a partir do descontentamento crescente com a corrupção de governantes políticos e partidos, ai tudo é generalizado, livrando quem esta com eles e incriminando quem não está, tudo com apoio da mídia, parte do judiciário como a vergonhosa república de Curitiba, autoridades e a população  imbecilizada fácil de comandar, bem como criminalizar o democrático e o desmoralizando.

Recentemente um documentário chamado The revolution business produzido pela Journeymann Pictures, fundada por Mark Stucke, nos mostra a perca da ilusão de que manifestações de oposição a governos não alinhados com os Estados Unidos ou o “Ocidente”, ditatoriais ou democráticos, mostram que existe organizações e pessoas que se especializam em auxiliar e estimular as chamadas revoluções coloridas (como os amarelinhos no Brasil), todos estimulados e financiados por estas organizações corporativas  e com recursos vindos dos Estados Unidos. Desta forma muitos veem a situação de uma forma, mas é outra bem diferente tudo é planejado, tudo é conspirado e arquitetado para iludir e saquear os países, entre seus preferidos esta o Brasil e seu povo que se mostrou racista, violento, imbecil e dócil para o carrasco tapear.

Tudo o que tem de ruim no Brasil hoje, o governo imbecil, a entrega das nossas riquezas e privatizações para o capital estrangeiro, veio desta armadilha muito bem arquitetado por este poder milionário e criminoso Temos que se opor ao violento neoliberalismo burguês, fundamentado na desigualdade e na servidão e fazer surgir um novo conceito político. Que consigamos mudar este quadro e que a democracia sobreviva a este duro golpe, ou então seremos para sempre uma colônia, até o dia em que eles não tendo mais nada para saquear e não necessitar mais de nossa servidão nos abandone a própria sorte.

Jaime Baghá,  a muito tempo vendo uma realidade a muito contada pelos especialistas, historiadores, sociólogos, economistas e especialistas em politica mundial. 

sexta-feira, 16 de outubro de 2020


 MOLIÉRE

 O dramaturgo francês Molière viveu em 1600, mas vejam como ele esta atual, parece estar no Brasil nos dias de hoje.


 "A hipocri
sia é um vício que está na moda, e todos os vícios que estão na moda são vistos como virtudes." O personagem do homem de bem é o mais fácil de interpretar em nossos dias, qualquer hipócrita o representa com razoável perícia. É uma arte cuja impostura é sempre respeitada, e mesmo que seja descoberta, ninguém ousa dizer nada contra ela. Todos os outros vícios dos homens estão expostos à censura, e cada um tem a liberdade de atacá-los em voz alta; mas a hipocrisia é um vício privilegiado: com sua mão ela tapa a boca de todo mundo e goza tranquilamente de uma impunidade soberana. Hipócritas usam as mesmas máscaras, possuem semelhantes comportamentos e afetações, formam assim um grupo fechado e auto protetor: quem atacar um vai ter o revide de todos os outros. Por mais que se saiba de suas intrigas e futricas, que se conheça e divulgue aquilo que realmente são, nem por isso eles perdem o prestígio e a estima das pessoas."

No nosso caso a dos dançarinos de amarelo e golpistas.  Jaime Baghá -Outono de 2020


 A PESTE

 Foi tanto a exploração

Que aceitei os enganos

Sorri para sofistas profanos

Aceitando a mendaz compaixão.

 

Foi tanto a necessidade

Que aceitei os carrascos

Os malditos, seus ascos

Contrariando minhas verdades.

 

Foi tanto a dor

Que caminhei cabisbaixo

Sem forças, fraco

Deturpando o amor.

 

Foi tanto a agonia

Que fiquei cúmplice ao erro

Inerte, amordaçado

Fez se escasso os meus dias.

 

Para ter em minha mesa

Disfarcei para meus filhos

Porque roubaram o meu brilho

E minha delicadeza.

 

Para continuar existindo

Fui um fantoche sem vida

Da esbórnia coletiva

E calei consentindo.

 

Para encenar estes atos

Atuei na ópera bufa

Misturei-me a turba

De poeta a palhaço.

 

Para sobreviver

Suprimi minha liberdade

Da infernal sociedade

Que impõe o sofrer

 

Assim devora o meu mundo

Quem de máscara se veste

E exorta toda a peste

Ao povoado latifúndio.

 Minha homenagem a “Peste” de Albert Camus -  Jaime Baghá -  outono de 2006

 A SUPRESSÃO DA MÁSCARA

 Neste teatro da vida, do cotidiano preconceituoso, do social que dissimula a existência real, procuro não usar a máscara da vergonha com medo dela grudar ao meu rosto e eu não mais conseguir arranca-la.

 

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

segunda-feira, 21 de setembro de 2020


 A PESSOA ERRADA.

Pensando bem, em tudo o que a gente vê, vivencia, ouve e pensa, não existe uma pessoa certa pra gente. Existe uma pessoa, que se você for parar pra pensar, é na verdade, a pessoa errada. Porque a pessoa certa faz tudo certinho: chega na hora certa, fala as coisas certas, faz as coisas certas. Mas nem sempre precisamos das coisas certas. Aí é à hora de procurar a pessoa errada. A pessoa errada te faz perder a cabeça, fazer loucuras, perder a hora, morrer de amor. A pessoa errada vai ficar um dia sem te procurar, que é para na hora que vocês se encontrarem a entrega seja muito mais verdadeira. A pessoa errada é na verdade, aquilo que a gente chama de pessoa certa. Essa pessoa vai te fazer chorar, mas uma hora depois vai enxugar suas lagrimas, essa pessoa vai tirar seu sono, mas vai te dar em troca uma inesquecível noite de amor. Essa pessoa pode não estar 100% do tempo ao seu lado, mas vai estar toda a vida esperando você. A pessoa errada tem que aparecer para todo mundo, porque a vida não é certa, nada aqui é certo. O certo mesmo é que temos que viver cada momento, cada segundo amando, sorrindo, chorando, pensando, agindo, querendo e conseguindo. Só assim, é possível chegar aquele momento do dia em que a gente diz: "Graças a Deus, deu tudo certo!", e vem dando certo, porque você foi a minha pessoa errada e acredito que minha vida só começou a dar certa quando encontrei você, a pessoa errada, pois acredito que aí foi que as coisas começaram a funcionar direito pra gente.

Nossa missão: Compreender o universo de cada ser humano, respeitar as diferenças, brindar as descobertas, buscar a evolução.

Jaime Baghá  - o cara errado.


 A OUTRA HISTÓRIA

Não gosto da mal contada história que nos foi enfiada goela abaixo pelo poder, contada por uma sociedade na qual eu nunca confiei e que ainda não confio que levanta monumentos transformando vilões em heróis para prosseguir com uma sociedade elitista, oligárquica e racista, discriminadora, dos quais muitos têm sucesso por explorar e roubar o povo e sua pátria, sempre tentando colocar no poder seus mandos e a política nas mãos dos mesmos. Conforme aponta Mia Couto, temos um passado, que nos foi dado Um passado que é uma construção, uma ficção autorizada e que conta uma história única daqueles que estavam no poder e que apagaram outras versões. Nesse trabalho de visibilizar o esquecido deveríamos agir como um arqueólogo, O que faz um arqueólogo? Junta caquinhos os limpa, cola-os tenta conferir coerência aos fragmentos. Às vezes a reconstrução do artefato é completa, outras, no entanto, fica a cargo de nossa imaginação completar o vaso sem alça e a estátua sem braço. Dai a importância do projeto de Foucauld em habilitar histórias das pessoas infames esquecidas nos arquivos. Lançar luzes em áreas obscurecidas. Tentar conferir sentidos as descontinuidades é o desafio que temos diante de histórias como Herculine Barin, Pirre Rivière e outros “anormais” narrados por Foucauld. Temos que resgatar nossa cultura, nossa história dando vida aos esquecidos e visibilizar todo nosso povo e nossa sociedade esquecida, para ter um país digno e pessoas com dignidade para construir uma história sem ficção, com verdade e justiça.  Jaime Baghá 


 HIPPIE

 Foi no tempo de aquários

Joplin, Hendrix

Crazy

Cantando, “Oh Fox Lady”

Na Praça

Eu

Vários

 

Roupas da “Boutique Lixo*

Liberdade

Paz e amor

Aos comportados, despudor

Gatas

Hippies

Bixos.

 

Encontro na Redenção

Dançando livre na praça

Paz, amor, contestação

Cabelos longos

Harmonia

A loucura vira arte

Eternamente jovem eu seria.

 

Nos belíssimos tempos de paz e amor. – Jaime verão 1970

 

*Boutique Lixo, era uma loja da década 70 em Porto Alegre, roupas extravagantes e psicodélicas como a década e muitas roupas militares vindo da guerra do Vietnã que a gurizada usava como forma de protesto a ditadura.

domingo, 16 de agosto de 2020

 
    SEMPRE NO CIO

 

Polemico é uma pessoa que esta tentando ver uma questão de um ângulo inesperado, criativo. Mas no Brasil os “patriotas, politicamente corretos”, chamam de polêmicos para desqualificar o raciocínio, desvalorizar o inteligente, quem tem conhecimento. É o ódio provinciano, cúmplice dos medíocres. O “Politicamente correto” é um criminoso em busca de uma oportunidade, que vai ao limite imoral e amoral de sua causa., desde que tenha uma justificativa pública que lhe dê cobertura. Esta disposta a qualquer coisa porque o “politicamente correto” não tem limites. Ele esta animado por este impulso homicida de liquidar com tudo que é diferente. Tudo o que é novo ou diferente é rejeitado, músicas, artes, tudo é exposto ao exílio, banidos, nada de abstração, surrealismo, expressionista, abstratos, só o caráter partidário e ideológico. A pátria, a natureza, trabalho, o povo, nada de abstração, nada de subjetivismo, só a velha representação realista, homens fortes e mulheres submissas, prender e arrebentar. Este ignorante classifica o outro como se o classificador seja algo tão especial, o classificador na verdade é um verme racista da direita ortodoxa e fascista, a praga na terra.

O que eu pensei que nunca veria no Brasil, mas a cadela que falou Brecht veio até aqui e ganhou a sua cria.

 Jaime Bagha- outono 2005


 

A OUTRA

 

Escuto o som dos teus passos

Sorrio como um ator

Sem nenhuma ilusão

Procuro personagens para meu disfarce.

 

Minha alegoria é hipócrita

E minhas verdades ilusórias

Você aparece na névoa da noite

A fantasia bate a minha porta

 

Gosto do seu tique

Da mania de assoprar o cabelo

Que cobre teus olhos

Felinos, certeiros.

 

Você na névoa

Na luz como chamas

Faz-me verdadeiro

Lasciva, estranha.

 

Abro os braços na noite

Na conformidade com o real

E você me abraça

Mancha minha camisa de maquiagem.

 

O batom vermelho tem sabor

Toco a cinta liga da saia de franja

Um velho passa com olhar de soslaio

E no reflexo vejo teu rosto lânguido.

 

Na esquina do beco

Quando a metrópole silencia

Na meia luz

A saia de franja pra cima.

 

Estranho amor

Somos iguais nos enganos

Sinto-te outra vez

Depois te abandono.

 

O amor de amantes, sem juras, sem compromisso, só o momento dos encontros.  Nos tempos de subterrâneos  -  Jaime Baghá -  Primavera de 1980


sexta-feira, 14 de agosto de 2020

 


O BRASIL NÃO É PARA PRINCIPIANTES. *

Brasil, o que há na sua história, na sua formação cultural, nas suas estruturas econômicas e sociais, que explicam o seu atraso e a sua incapacidade de desenvolver valores e instituições modernas como aqueles que se desenvolveram nos países europeus e do Atlântico Norte. A teoria mais popular, formulada pelo economista Celso Furtado, é a de que a economia brasileira especializou-se na produção de mercadorias básicas, por isso industrializou-se tardiamente. Celso furtado esqueceu de falar dos canalhas que governam a nação e que aprecem de golpe em golpe para doar o país ao capital estrangeiro, são os cipaios, os vira latas, a turma do 1%¨, os que ganham muito com a miséria de muitos ou de quase uma população inteira.

Minha oposição a esta realidade normativa, a realidade brasileira é o fato de estar dominada pelo atraso politico, econômico e institucional. Sua incapacidade de superar o personalismo e o paternalismo, sua incapacidade de se livrar das formas de dependência social, pessoal remanescentes de formas anteriores de organização social, do escravismo, capitalismo, corporações, grupos de interesses, tornaram o país incapaz de desenvolver os habitus, os valores de uma sociedade realmente moderna. Junto com um governo sem nenhuma capacidade e com assustadores desvios de condutas, nossa situação que esta ruim tende a piorar. Como diz o prof. Jessé Souza: “É preciso explicar o Brasil desde o ano zero.”

*Frase atribuída a Tom Jobim.  Jaime Baghá, inverno 2020



terça-feira, 28 de julho de 2020

                                         
                                          Gustav Klimt - Morte e Vida

VIDA e MORTE
O futuro não existe, pois ele nunca chegará, e quem morreu não o alcançou, e quem morrer não o alcançara. O próprio presente não existe é extremamente breve segundo o filósofo. Talvez eu saiba um pouco da fórmula de uma possível maneira de observar o futuro e chegar perto do que chamamos futuro, isto não é com a ciência mecânica e sim através da ciência do corpo e mente, precisamos nos conhecer. As pessoas que só acreditam em si mesmos estão todos em asilos de loucos. Nossa grande ilusão é acreditar que somos o que pensamos ser, nós nascemos sozinhos, vivemos sozinhos, morremos sozinhos, somente através do amor e amizade podemos criar momentos que não estamos sozinhos. Quando se é feliz, cada dia é uma vida inteira e o individualismo é uma ilusão de adolescente.  Não há nenhum caminho tranquilizador a nossa espera, se o queremos, teremos que construi-lo com nossas mãos, palavras e ação. O que conta é ser verdadeiro, ai se inscreve tudo, humanidade e simplicidade. A hora é agora, enquanto vida depois lembranças, mais além nem as lembranças existirão, nem as passagens lembradas, porém os homens não sabem disso e pensam que são eternos. No fim querem dar o amor que foi negado, para ter o amor que não souberam conquistar, porém já é tarde, terão somente a compaixão por ser velho e terminal. Restará ainda por algum tempo ruínas de algum império construído e talvez mais um pouco a poesia de algum poeta esquecido.

Jaime Baghá,  refletindo  -  inverno 2020


quarta-feira, 8 de julho de 2020



NADA
No imperativo do distúrbio
Todos os encantos me parecem nada
A lua por trás do farol
Os sorrisos das meninas que passam para a escola
O clássico na antiga vitrola
O perfume de flores no ar
O canto da cigarra
No silêncio do interior
Tudo me parece nada
Quando se vai ao nada
Quando já se é quase nada
E o tudo querendo ser nada
Apenas um fio tênue de nada
Separa-me do nada infinito.

 O que eu sou algumas vezes. – Jaime Baghá


sábado, 4 de julho de 2020


Quem se desvia das regras da “normalidade”, quem quebra as leis da manipulação, é imediatamente punido com a marginalização. É como uma visão kafkiana da rejeição, como um Gregor Samsa, quando não é mais útil esta fora do sistema. (A Metamorfose) 

quarta-feira, 1 de julho de 2020


COMPARANDO

Os livros dos quais gosto, depois de ler sempre dou algumas olhadas, depois faço pesquisa sobre e até leio novamente. Estava olhando “A Queda da Casa de Usher” de Edgar Alan Poe e vi algo com nossa situação política atual, onde o fantástico aparece quase sempre como um modo de dissolver as determinações reais, numa angustia subjetiva, num medo pânico, em face de uma realidade vivida como algo irracional e absurdo. Há um transtorno mental no comando do nosso país, uma sensação sombria que nos deixa inseguros. Quem sabe, assim como a “Casa de Usher,” os Palácios de Brasília se dividam em fragmentos e afundem no Lago Paranoá levando os insanos e transformando este país e trazendo para o povo uma nova visão. Que não tenhamos mais a fama de ser o segundo país do mundo em que as pessoas têm a percepção equivocada sobre a realidade. Assim, vamos poder sonhar com prosperidade e educação ao invés de viver um presente com fascistas e loucos. 

terça-feira, 30 de junho de 2020


BRASIL EUA, O PERIGOSO PODER DO RIDÍCULO

O excesso de confiança na vontade popular pode ser muito perigoso, arrisca eleger um demagogo que ameaça a democracia. A ascensão de um demagogo no poder polariza a sociedade criando uma atmosfera de ódio, hostilidade e desconfiança mútua, muitas vezes separa amigos e familiares, o Brasil vive isto neste momento. Para um demagogo que se sente sitiado por críticas e de mãos atadas pelas instituições democráticas, as crises abrem janelas e oportunidades para silenciar e enfraquecer os rivais, com ajuda dos oportunistas e da ignorância que o levou ao poder. Então temos uma política liderada por uma pessoa desconfiada, opressivo, pretensioso, apocalíptico, debochado, mal educado e com atitudes paranoicas.

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Guernica - Pablo Picasso


Sou da Filosofia da Libertação dos povos oprimidos do sul, atrás de uma justiça que leve em consideração o outro, da sua condição de oprimido, de fora do sistema baseado na alteridade. Temos que ver nossa realidade, ver a nossa filosofia diferente do homem do norte. Necessitamos estabelecer um conceito de justiça que seja nosso, os excluídos e explorados pelo norte e seus pensadores.
Existe uma conspiração a nível internacional para atacar e caluniar os governantes da América Latina, principalmente para os governos que não baixaram a cabeça para o explorador imperialista.
Os belicistas parecem estar comprometidos com a paz, enquanto as vítimas da guerra são apresentadas como os algozes, os protagonistas dos conflitos. Viva  a mídia imperialista, viva Israel os vilões. Por tudo que leio e vejo, acredito que o sionismo é pior do que o islamismo extremista e o império americano é o pior terrorista disfarçado como o defensor da paz.






O que vai acontecer após a decadência do capitalismo, terá um sistema mais democrático e igualitário ou mais polarizado e explorador. Sem um sistema de democracia plena uma parte rica e poderosa em armas viverá em ilhas de redoma de proteção e opulência, enquanto a maioria dos seres humanos viverá numa distopia, num oceano de miséria e violência, ambos com desprezo um pelo outro, como já nos encontramos.



EU... UNIVERSO        
Vida
Harmonia
Regra Áurea
Simetria
Tudo gira
Embaixo
Em cima
Tudo combina
Mistérios
Formas
Artes
Constelações
Via Láctea
Fibonacci
Diferentes
Astros
Animal
Terra
Vegetal
Ar
Pedras
Vegas
Água
Fogo
Tudo igual.
Tudo que existe possui os mesmos padrões geométricos. Jaime Baghá


quarta-feira, 13 de maio de 2020



DISSIMULADO
Não gosto daquela gentileza
Aquele sorriso esperteza
Não gosto daquele elogio
Com tapas nas costas
E o abraço tão frio
Não gosto da aproximação fantasia
Amigo metáfora
Alegoria
Não gosto de quem me faz tão alto
E toda aquela alegria
Convencional de um falso.

Observando as personalidades. Jaime Baghá  -  inverno 1988

sábado, 9 de maio de 2020



DEBOCHE

O que me diferencia
Ora, o que me diferencia
Eu sou o que tu vê e pensa
Sou a diferença
O que procura e te atura.
Que provas me dão teus deuses
Tão maus
Eu sou o onipresente
Não tua onírica
Incógnita da tua imaginação
Tua inquietação.
Sou tua resposta vazia
Tua afasia.
Olho teus olhos
Preso no desterro
Procuro o erro
Sou o amanhã
Porque escrevo
A arte me faz diferente.
Você reza, ora, medita
Me inventa,
Me expulsa
Me explica
E naquilo que nunca viu, acredita.
Sua mente incompleta
Delira e não acerta
Não tem o devaneio louco
É fátuo
Eu, poeta.
Sou como você
Uma interrogação
Mas sou o que fica
O erro, a razão
Que expões a dor
Na despedida da amante
Risos largos
Em momentos de amor.
Sou o ser refinado
Impuro, comedido, gentil
Deixo levar-me aos láudanos
Um fauno senil.

Eu vanguarda
Você perdido
Dividido com nada
Entre prato e bispote
Pacóvio do meu mote.

Um dia de Augusto dos Anjos, com vontade de não mais beijar as bocas que escarram, um dia de deboche. – Jaime Baghá – primavera 1999


sábado, 25 de abril de 2020


O Último Julgamento - Hieronymus Bosch


A contrariedade da Asor

Havia uma pequena cidade chamada Asor que queria ser fraterna, ficava longe das metrópoles, era religiosa, sem índices de criminalidade e cercada por lagos e um verde exuberante. Porém a pequena cidade tinha divisões por ignorância, avareza, invejas, comentários sobre o alheio, intrigas, desdém e muita política.

Enquanto as mães conversavam a última sobre o alheio, seus filhos com ódio surravam meninos menores, jogavam pedras nos cachorros, apanhavam todas as flores quebrando alguns galhos dos hibiscos ao redor do prédio público. Jovens destruíam placas e patrimônios, outros no centro de ensino com números partidários gravados na cabeça e pintados nos corpos faziam guerras ideológicas, sem saber o que era ideologia.

Digladiavam-se destilando os ódios de seus pais, todos eles, predadores, valentes, partidários, destruidores de patrimônios, árvores e flores, tinham em comum serem filhos de políticos e bajuladores que não davam exemplos e de mestres da própria escola com muros altos iguais aos presídios, onde se podia vislumbrar o maior acúmulo de lixo e ao seu redor.

Os jovens em confrarias assim como seus pais, apaixonavam-se cedo, dividiam-se cedo, esportivamente, religiosamente e tristemente também os amores, os muitos corações que viviam juntos em festas terminavam partidos e perdidos.

 A cidade de tantos cultos, rezas e procissões, que adorava festas e que se possível seriam eternas, vivia separada e pouco fraterna, no fundo era um formigueiro de homens sós.

O paraíso e a falsidade dos pequenos vilarejos do interior onde a política dita às regras.  Jaime Baghá