A OUTRA HISTÓRIA
Não
gosto da mal contada história que nos foi enfiada goela abaixo pelo poder,
contada por uma sociedade na qual eu nunca confiei e que ainda não confio que
levanta monumentos transformando vilões em heróis para prosseguir com uma
sociedade elitista, oligárquica e racista, discriminadora, dos quais muitos têm
sucesso por explorar e roubar o povo e sua pátria, sempre tentando colocar no
poder seus mandos e a política nas mãos dos mesmos. Conforme aponta Mia Couto,
temos um passado, que nos foi dado Um passado que é uma construção, uma ficção
autorizada e que conta uma história única daqueles que estavam no poder e que
apagaram outras versões. Nesse trabalho de visibilizar o esquecido deveríamos
agir como um arqueólogo, O que faz um arqueólogo? Junta caquinhos os limpa,
cola-os tenta conferir coerência aos fragmentos. Às vezes a reconstrução do
artefato é completa, outras, no entanto, fica a cargo de nossa imaginação
completar o vaso sem alça e a estátua sem braço. Dai a importância do projeto
de Foucauld em habilitar histórias das pessoas infames esquecidas nos arquivos.
Lançar luzes em áreas obscurecidas. Tentar conferir sentidos as
descontinuidades é o desafio que temos diante de histórias como Herculine
Barin, Pirre Rivière e outros “anormais” narrados por Foucauld. Temos que
resgatar nossa cultura, nossa história dando vida aos esquecidos e visibilizar
todo nosso povo e nossa sociedade esquecida, para ter um país digno e pessoas
com dignidade para construir uma história sem ficção, com verdade e justiça. Jaime Baghá
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