segunda-feira, 21 de setembro de 2020


 A OUTRA HISTÓRIA

Não gosto da mal contada história que nos foi enfiada goela abaixo pelo poder, contada por uma sociedade na qual eu nunca confiei e que ainda não confio que levanta monumentos transformando vilões em heróis para prosseguir com uma sociedade elitista, oligárquica e racista, discriminadora, dos quais muitos têm sucesso por explorar e roubar o povo e sua pátria, sempre tentando colocar no poder seus mandos e a política nas mãos dos mesmos. Conforme aponta Mia Couto, temos um passado, que nos foi dado Um passado que é uma construção, uma ficção autorizada e que conta uma história única daqueles que estavam no poder e que apagaram outras versões. Nesse trabalho de visibilizar o esquecido deveríamos agir como um arqueólogo, O que faz um arqueólogo? Junta caquinhos os limpa, cola-os tenta conferir coerência aos fragmentos. Às vezes a reconstrução do artefato é completa, outras, no entanto, fica a cargo de nossa imaginação completar o vaso sem alça e a estátua sem braço. Dai a importância do projeto de Foucauld em habilitar histórias das pessoas infames esquecidas nos arquivos. Lançar luzes em áreas obscurecidas. Tentar conferir sentidos as descontinuidades é o desafio que temos diante de histórias como Herculine Barin, Pirre Rivière e outros “anormais” narrados por Foucauld. Temos que resgatar nossa cultura, nossa história dando vida aos esquecidos e visibilizar todo nosso povo e nossa sociedade esquecida, para ter um país digno e pessoas com dignidade para construir uma história sem ficção, com verdade e justiça.  Jaime Baghá 

Nenhum comentário: