domingo, 13 de agosto de 2023


 DEPRESSO

Eu vejo o mundo

Com olhos de poeta

Os sonhos

Os anseios

O que lhe afeta.

 

Conheço sua afasia

Seu medo

O olhar atrevido

O bom

O bandido

A inocência

O tolo

O pueril.

 

O ser de falsos amores

Sua pose cariátide

Seus temores

Suores

Tremores.

 

Eu vejo seu olhar

Perdido no nada

Taciturno

Alhures

Seu salva-vidas de agarro

Seu ópio

Seu cigarro.

 

Eu conto o teu nada

E sei que teu amor

Não sabe o amor

E olho teus olhos

De mágoas

De dor

Que você disfarça

Num sorriso suave

Um tanto sem graça.

 

Eu vejo tua alma

Transparecer nos teus olhos

Lôbregos

Tão tristes

Caminhar cabisbaixo

Na vaidade de ornatos

Como se nada existe.

 

Eu vejo a leve impressão

De timidez e brandura

Frágil

Forte

Bacante

Insegura.

 

Eu vejo teus dias

Fazer-se escassos

Das alegres euforias

E conheço os estágios

De risos

Loucuras

Pesadelos e sonhos

Liberdade

Clausura

 

Enxergo o óbvio

Não sou profeta

E mostro o oculto

O teu oculto

Porque sou poeta.

 

Sentada na porta, na soleira

No fim do dia

Ares de melancolia

Artelhos, joelhos

Debruçada

E os olhos verdes

Perdidos no nada...

 

A minha amiga que vive em eternas melancolias.  Jaime Baghá