quarta-feira, 9 de outubro de 2019



UM FANTASMA
Se um dia, eu sorrindo passar por você
fingindo alegria nesse olhar amante,
não me olhe…procure esconder de meus olhos
o amor que o destino me negou…no entanto,
de minha alma não sai…e assim, vacilante,
eu sou apenas um fantasma que anda nos cantos
Não procure jamais entender se te amo
pois nunca saberás se te quero, ou engano.
Tentarei esquecer, ou fingir que esqueci,
abafando em minha alma esse amor despertado,
que por ser impossível, terá que morrer,
pois não tinha o direito de tê-lo criado.
Eu quisera poder te amar loucamente
e que o mundo, esse amor só a mim entregasse
e em você meu corpo  enlaçado ficasse
sem mais nada temer…mas, loucura…não posso
e por isso, eu procuro fingir que esqueci
esse amor, pelo qual, sem alento e esperança,
numa febre de amor, em delírio tão louco,
nessa noite passada morri mais um pouco…!
E sou um fantasma e louco de amor é meu ofício
Só isso, só isso... 
Jaime Baghá

domingo, 11 de agosto de 2019


AVESSO
Não destilo a finitude humana
Não escrevo elegias
Ou salto como um Eros lúbrico
Satisfazendo o rebanho

Sou a rebeldia e o desespero
Prefiro a loucura de um Goya
E suas pinturas negras
Um beckettiano no absurdo

Odeio padrões pré-estabelecidos
A afeição do meio
Existe muita dor e danação
Na curta existência

Para que eu fique alheio
Aos arquétipos invisíveis
Pelo social e suas máscaras
A Maschera Nobile dos cínicos.


Meu lado maldito – Jaime Baghá


terça-feira, 30 de julho de 2019


Neoliberalismo, o capital exterminador

Nosso sistema político e econômico é falho, mas não para uma minoria que vive da exploração. As pessoas votam pensando que estão contra o sistema, apoiam gente como Bolsonaro e Trump, que não são contra o sistema, mas sim, fazem um discurso mostrando as falhas deste sistema que eles mesmos criaram e conservam. As falhas no sistema econômico são uma clara na desregulamentação causada por eles que dizem que o conserto são os cortes nos gastos sociais. As pessoas querem mudar a vida e escolhem um populismo fascista, que põe a culpa nos negros, nos emigrantes, nordestinos e toda uma xenofobia, criando uma sociedade mais dividida e violenta.

Muitas pessoas levadas por uma propaganda midiática posam como antissistema, mas na verdade acabam apoiando ainda mais esse sistema opressor e vão piorando cada vez mais o quadro. É fácil tocar no sentimento do cidadão manipulável, que cada vez mais vão colocando no poder políticos fascistas comandados por grandes corporações, fazem uma terapia de choque, privatizam tudo, água, energia, saúde, educação, etc.; até chegar ao ponto em que a democracia se torna um problema para o neoliberalismo.

Milton Friedman um dos mais influentes economistas conservadores do século XX, professor da Escola de Chicago, criou seguidores em todo mundo e um neoliberalismo capitalista de mercado. Propôs a intervenção estatal mínima, a desregulamentação de tudo para funcionar bem, sem coibir o mercado e com o desaparecimento do setor público, privatizar tudo. Friedman achava que tinha que depurar tudo, sacrificando o povo e as causas sociais, deixando o capital eficaz somente para uma classe privilegiada. Sua experiência foi maior no Chile e na Argentina, mas se fosse tão boa porque ele nunca aplicou nos Estados Unidos?  Eles na sua insanidade acham que o estado de bem, limitava o crescimento, a mídia que nos deveria orientar, só aumenta a histeria. Cortes na saúde é um homicídio e os profissionais protestam os cidadãos alienados só sentem o grande engano quando eles necessitam dos cuidados médicos e não tem, quando suas aposentadorias se desvanecessem e todos seus benefícios conquistados a duras lutas são perdidos, é a alienação midiática controlado por um poder canalha.

Em muitos casos as pessoas cansaram de ouvir não, mesmo sendo vítimas elas só obedecem, não resistem, falta lhes uma visão e um projeto político que, quando acontece, cria-se uma propaganda enganosa colocando como vilões os benfeitores. O interessante nisto tudo é que, ao mudarmos um sistema mais voltado para o social, também mudamos os problemas climáticos, com menos poluição a mais valor ao verde. Eles falam em mudar separadamente, mas nos temos que juntar tudo, porque o sistema é um todo, se quiser diminuir a temperatura não podemos mais explorar petróleo, gás e carvão, nós já temos a alternativa, mas não usamos pelo lucro fácil ao poder, este mesmo que manipula o sistema e prega o neoliberalismo excludente e um capitalismo perverso. Temos que acabar com os subsídios fósseis e ter um alto imposto sobre o carbono, porque dinheiro tem, vivemos numa época de grande riqueza privada que só pensa numa insanidade de cada vez aumentar seus lucros sem a mínima compaixão e ver a miséria, a fome, a criminalidade e a extinção de sua própria espécie, numa loucura voraz pelo lucro, que de nada vai adiantar porque eles são a pragas do sistema, da espécie e do extermínio.

Jaime Baghá  – verão 2019 – As vezes fico angustiado por um futuro que não testemunharei.

segunda-feira, 1 de julho de 2019


SELVAGEM

O homem que ganhou a vida neste planeta, aos poucos vai destruindo o seu próprio habitat, seu próprio semelhante, numa ganância sem piedade para ao que há de vir, não pensa na preservação das espécies e da sua própria. O homem mata e corta sessenta bilhões de animais por ano, quase dez vezes a população humana, abate e come como se a vida nunca tivesse existido, não tivesse significado. Caça os animais silvestres, às vezes só pelo simples prazer do tiro, em quarenta anos metade dos animais selvagens terão desaparecidas, sessenta mil espécies não existirão até 2050.

O ritmo de morte é cem vezes mais que o natural entre os animais e as condições está reunido para a extinção massiva das espécies, então como não temer, que depois dos animais, das árvores, plantas em geral, os oceanos e outros seres vivos, o próximo da lista serão os seres humanos, morrendo num planeta destruído com numa ficção de horror.

A vida na terra é uma criação de beleza e harmonia, mas desde que o homem existe a história dos seres vivos foi transformada pela sua consciência, pela falta de consciência. Temos que reconsiderar a vida que nos rodeia, reatar com toda atenção e respeito de outros seres vivos, isto pode mudar e dar outro destino a nossa vida e nosso futuro. Selvagem não é a barbárie, selvagem não é o oposto da civilização, selvagem quer dizer “aquele que mora na floresta” que é minha casa interior, minha vida. Defender o selvagem e a floresta é defender a minha história e o meu planeta.

Quando mais observo este mundo selvagem, noto que ele é o guia que falta em meu caminho, a razão da minha existência e da minha felicidade. Se eu aprender a viver com harmonia com esta vida selvagem, eu voltaria a minha essência e seria de verdade um ser humano. É minha própria espécie que eu protegerei o amor por todos os seres vivos esta escondido dentro de mim, dentro de nós, precisamos libertá-lo, mas para isso temos que deixar abrir os olhos sobre o mundo e olhá-lo com respeito, do contrário, se continuar assim vamos todos fechar os  olhos para sempre.

Jaime Baghá  -  verão de 2019 – Fazendo uma análise do mundo e minha fuga da metrópole.

domingo, 10 de março de 2019



OS AMANTES

Você acordava primeiro
Andava pelos cômodos do apartamento
Velho sobrado encima do café
Seminua
Cabelos em desalinho
Com um baby-dol de seda
Estampado de rosas vermelhas.

Eu ficava na cama
Olhando o teto
Braços abertos
Peito nu
Tatuagem viva
Sorriso jovem de felicidade.

Não pensávamos no que fazer
Estar ali
Só nos dois
Já era o feito
A juventude já era a vida,
O perfeito.

Agora acordo primeiro
Quase num andar derradeiro
Você vestida
Assim como eu
Da sedução para o pijama

Já sabemos o que fazer
Estamos na delicadeza
A tatuagem desvanece
Como nossa visão
E nossa luta
É para que nosso mundo
Não fuja do perfeito.

A vida é breve, longo é o amor. Jaime Baghá



O Caos capital das corporações

Você vive no mundo da fantasia, de uma fantasia macabra onde instituições e corporações influenciam violentamente a política pública e transformam-se em armas financeiras de destruição de massa. O capitalismo não tem se saído muito bem ao lado da produção e estou falando dos bens de serviço, aquelas que são para satisfazer as necessidades humanas, o forte deles é a especulação financeira e para isso obtém a ajuda da mídia com os seus trabalhos de alienação e desvio da opinião pública. Pelos jornais, rádios, televisão, as pessoas são informadas que precisam se sacrificar e aceitarem os cortes nos gastos sociais, terem menos direitos e benefícios trabalhistas, tem é que encarar a destruição da economia em nome de uma maravilhosa ciência econômica. Esta bobeira coletiva é incapaz de enxergar o verdadeiro problema e o manipulado briga com o próprio amigo. Com parte da sociedade desorientada, imbecilizada, o poder do capital exerce uma grande força controlando o seu discurso, a mídia se especializou em dizer que o problema não é o capital e o tolo os segue com um zumbi. Colocam a culpa nos miseráreis, nos negros, nos imigrantes, nos refugiados, culpa todo mundo, mas nunca se toca na questão central das contradições do capital que lhe domina e lhe rouba. É o grande equívoco econômico que soa como um senso comum, como uma economia doméstica, meu amigo, tua economia doméstica não coleta impostos e não imprime dinheiro. A globalização que deixou circular a riqueza dos grupos privilegiados desarticulou ate velha base tributaria das políticas keynesianas onde prevaleciam os impostos diretos sobre a renda e a riqueza e vão contra até os mais renomados economistas, como o francês Thomas Piketty que foi o grande responsável por colocar novamente a desigualdade de renda e riqueza como uma questão política importante. Muito do sucesso capitalista e predatório das corporações foi aprender a combater as lutas dos trabalhadores, em grande parte graças a ajuda de um povo sem conhecimento, que manipulados, foram para a rua fantasiados de amarelo pedindo a sua própria ruína, mas não é só aqui. Como falou David Harvey, o mundo vive um estado de loucura, com uma população alienada e cega contra seus próprios direitos.

Jaime Baghá 

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019


O lixo político ao meu redor
Venho de uma família educada, nunca estive numa militância de conflito de classes, apenas fui educado para considerar todos os seres humanos iguais e a pensar que não há nenhuma diferença entre quem é culto e quem não é culto, quem é rico e quem não é rico. Uma educação com um estilo de vida democrático, mas confesso que sempre me senti muito mal diante do espetáculo das diferenças, entre ricos e pobres, entre quem está no alto e quem está embaixo da escala social. Hoje vejo as coisas mais como um humanista. Resisto e me indigno ao radicalismo contemporâneo, em especial ao populismo fascista que visa arregimentar o povo num regime de histeria coletiva e faz o caos crescer, numa organização social de ódio e que cristaliza as desigualdades. Por isso, às vezes mostro o meu descontentamento, em especial, pelos acontecimentos vergonhosos no Brasil. O que escrevo é muito inflexível e se radicalizo nas minhas posições não são por imposições, mas sim, uma visão garimpada de autores, críticos e escritores aos quais tenho respeito e admiração, tais como: Brecht,  Hobsbawm, Bauman, Umberto Eco e, em especial, o  mestre italiano Norberto Bobbio, o último dos humanistas.

Jaime Baghá – 24/10/2018