sexta-feira, 26 de novembro de 2021


 Quadro: "O Grito", Edvard Munch

CÃNONE DO SILÊNCIO

Névoa, hiemal

Aqueci a sala fria

Olhos no teto

Prostrado numa ataraxia

 

Vinho na mão

Laudanizado

Meu suspiro de vulcão

Olhos parados

Na TV fora do ar

 

Relógio na parede

Tic-Tac compassado

Parabólica desligada

Cigarros pra pensar


Absintos

Láudanos

Euforia dos fatos

Uma noite vadia

Talvez encontre Tanatos

 

Entremeio as euforias

Talvez vire poesia

Ou então...

Nunca acordar.

 

Uma recaídaJaime Baghá

 

 


quarta-feira, 3 de novembro de 2021

MORDAÇA

Aquela mulher simples do interior

Na obrigação “do decente”

Já é escravizada na semente

E morre a procura do amor

 

Da crendice a vida servil

Nos dias de tristes rotinas

Amordaçada para não ser libertina

Pelo asqueroso amante senil

 

Vive assim com seu segredo

Da censura a amargura

Um anjo vivendo em degredo

 

E os desejos da mulher menina

Ganhou o lar uma tumba escura

E os sonhos uma amarga sina.

 

Para aquelas mulheres que vivem e morrem pobres e que trabalham sem descanso e a noite é objeto para alivio da libido e arrotos. Acabam seus dias senis com depressão e angústias aplacados e ativados por barbitúricos tarjas pretas Jaime Baghá