sábado, 25 de abril de 2020


O Último Julgamento - Hieronymus Bosch


A contrariedade da Asor

Havia uma pequena cidade chamada Asor que queria ser fraterna, ficava longe das metrópoles, era religiosa, sem índices de criminalidade e cercada por lagos e um verde exuberante. Porém a pequena cidade tinha divisões por ignorância, avareza, invejas, comentários sobre o alheio, intrigas, desdém e muita política.

Enquanto as mães conversavam a última sobre o alheio, seus filhos com ódio surravam meninos menores, jogavam pedras nos cachorros, apanhavam todas as flores quebrando alguns galhos dos hibiscos ao redor do prédio público. Jovens destruíam placas e patrimônios, outros no centro de ensino com números partidários gravados na cabeça e pintados nos corpos faziam guerras ideológicas, sem saber o que era ideologia.

Digladiavam-se destilando os ódios de seus pais, todos eles, predadores, valentes, partidários, destruidores de patrimônios, árvores e flores, tinham em comum serem filhos de políticos e bajuladores que não davam exemplos e de mestres da própria escola com muros altos iguais aos presídios, onde se podia vislumbrar o maior acúmulo de lixo e ao seu redor.

Os jovens em confrarias assim como seus pais, apaixonavam-se cedo, dividiam-se cedo, esportivamente, religiosamente e tristemente também os amores, os muitos corações que viviam juntos em festas terminavam partidos e perdidos.

 A cidade de tantos cultos, rezas e procissões, que adorava festas e que se possível seriam eternas, vivia separada e pouco fraterna, no fundo era um formigueiro de homens sós.

O paraíso e a falsidade dos pequenos vilarejos do interior onde a política dita às regras.  Jaime Baghá

Nenhum comentário: