terça-feira, 7 de dezembro de 2021


 OLHAR SOBRE A CIDADE

Noite

Olho a cidade

Aquários simétricos

Herméticos

Invioláveis

Onde se escondem as multidões da cidade.

 

Multidões que se cruzam

Conhecem e não se olham

Olham mas disfarçam

Sorrisos imploram

Alguns gentis

Outros reaça.

 

Não se tocam

Gestos se esboçam

De querer bem

Não se completam

Alguns com desdém

Palavras inúteis

Escondendo gritos.

 

Quantas pessoas

Na solidão absoluta

Na algazarra dos comuns

Porque nenhum

Porque tão longe

Porque incomum.

 

Escorre dos aquários da cidade

Cai à noite

No meu aquário                   

Eu penso

Na cidade.

 

Sou mais um peixe fora d’água.Jaime Baghá

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