quarta-feira, 28 de abril de 2021

BAGHÁ O OBSCURO * (ou Ápeiron)

Amanheci interiorano

Vou para beira do mar

Escrever no promontório

Ficar longe dos Dórios

Que sabem pouco o amar.

 

Além dos desenganos

Sinto o ar do oceano

Longe da afasia

Solitário

Manhã, cedo

Parado numa ataraxia

Sem a lira

Sem enredo

Mas poeta

Mais Aedo.

 

Esqueço os simples mortais

Suas banais cerimônias

Viajo pelo éter astral

No arque das cosmogonias

E os pífios de tão cegos

De quase vazios cérebros

Escolheram seus destinos

Vão para as sombras de Érebos.

 

Não quero suserania

Só etéreo em meu ego

Viajar nas poesias

Como Homero o cego

Indiferente aos povos

Quero ter a plenitude

Na harmonia do logos.

 

Não cultuo rapsódias

Como o senhor do certo

Acho que são paródias

De um poeta eclético

Pois a moral de tudo

É que vivo neste mundo

Uma odisseia louca

Um Ulisses vagabundo.

 

Uma analogia a Heráclito de Éfeso – Jaime Baghá
 

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