
ESCÓRIA
Uma cria parda, têz insalubre
Pai, um pária, amante dos destilados
Mãe, vida fácil, amante dos desvairados
Vida bastarda, trejeitos rudes
Vai conhecer outro sujo, bastardo
Tal qual o pai, confraria dos pulhas
Assim como a mãe, madame amargura
Para o moto-contínuo dos desgraçados
Acostuma-te a vida miserável
Ao desdém dos bem nascidos intragáveis
Pega os restos que te são oferecidos
Revolta-te contra o estado que te marca
Saqueia e mata o carrasco de tua via sacra
Ou ora a teu deus na procissão dos esquecidos
*Imagens: Paulo Freire, Bertold Brecht, P. J. Proudhon, Eduardo Galeano