DEPRESSO
Eu vejo o mundo
Com olhos de poeta
Os sonhos
Os anseios
O que lhe afeta.
Conheço sua afasia
Seu medo
O olhar atrevido
O bom
O bandido
A inocência
O tolo
O pueril.
O ser de falsos amores
Sua pose cariátide
Seus temores
Suores
Tremores.
Eu vejo seu olhar
Perdido no nada
Taciturno
Alhures
Seu salva-vidas de agarro
Seu ópio
Seu cigarro.
Eu conto o teu nada
E sei que teu amor
Não sabe o amor
E olho teus olhos
De mágoas
De dor
Que você disfarça
Num sorriso suave
Um tanto sem graça.
Eu vejo tua alma
Transparecer nos teus
olhos
Lôbregos
Tão tristes
Caminhar cabisbaixo
Na vaidade de ornatos
Como se nada existe.
Eu vejo a leve impressão
De timidez e brandura
Frágil
Forte
Bacante
Insegura.
Eu vejo teus dias
Fazer-se escassos
Das alegres euforias
E conheço os estágios
De risos
Loucuras
Pesadelos e sonhos
Liberdade
Clausura
Enxergo o óbvio
Não sou profeta
E mostro o oculto
O teu oculto
Porque sou poeta.
Sentada na porta, na
soleira
No fim do dia
Ares de melancolia
Artelhos, joelhos
Debruçada
E os olhos verdes
Perdidos no nada...
A minha amiga que vive em
eternas melancolias. Jaime Baghá
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